domingo, 30 de setembro de 2007

O que é o amor... visto pelas crianças


Tenho o hábito de navegar pela blogsfera. Praticamente todas as semanas sou abençoado com a descoberta de novas pérolas de sabedoria que vou guardando na minha caixinha dos favoritos e linkando nos meus blogs. A semana passada, fiz uma das melhores descobertas dos últimos meses: encontrei um blog recheado de pérolas de sabedoria! O nome do blog não podia ser mais adequado: Pérolas de Sabedoria! O link é:http://perolasdesabedoria.blogspot.com/

Neste blog, encontrei coisas maravilhosas. Para hoje, escolhi um texto que fala sobre o amor visto pelos olhos e sentido pelo coração das crianças. Várias crianças descrevem o que é para elas o amor. São descrições/ definições encantadoras, enternecedoras. Nunca me deixo de espantar e encantar com a espontaneidade, pureza, simplicidade, sinceridade, alegria, transparência, inocência e sabedoria das crianças.

Para mim, estão aqui reunidas algumas das melhores descrições do amor que já tive oportunidade de ler.


“Amor é quando alguém te magoa, e tu, mesmo muito magoado, não gritas porque sabes que isso vai ferir os sentimentos da outra pessoa.”

“Quando a minha avó ficou com artrite, e deixou de poder dobrar-se para pintar as unhas dos pés, o meu avô passou a pintar as unhas dela, apesar dele também ter muita artrite.”

“Amor é quando uma menina põe perfume e o menino põe loção pós-barba, depois saiem juntos e se cheiram um ao outro.”

“Eu sei que a minha irmã mais velha me ama porque ela dá-me todas as suas roupas velhas e tem que sair para comprar outras.”

“Amor é como uma velhinha e um velhinho que ainda são muito amigos, apesar de se conhecerem há muito tempo.”

“Quando alguém te ama, a forma de dizer o teu nome é diferente...”

“Amor é quando sais para comer e ofereces as tuas batatinhas fritas sem esperar que a outra pessoa te ofereça as batatinhas dela.”

“Amor é quando a minha mãe faz café para o meu pai e toma um gole antes, para ter a certeza que está ao gosto dele.”

“Amor é quem está com a gente no Natal.”

“Se queres aprender a amar melhor, deves começar com um amigo de quem não gostas.”

“Quando contas a alguém alguma coisa feia sobre ti próprio, e ficas com medo que essa pessoa por causa disso deixe de gostar de ti, aí ficas mesmo surpreendido, que descobres que não só te continuam amando, como ainda te amam mais!”

“Há dois tipos de amor: o nosso amor e o amor de Deus. Mas o amor de Deus consegue juntar os dois.”

“Amor é quando a nossa mãe vê o nosso pai chegar suado e mal cheiroso e ainda diz que ele é mais bonito que o Robert Redford.”

“Durante a minha apresentação de piano, eu vi o meu pai na plateia, acenando-me e sorrindo. Era a única pessoa que fazia isso, e eu não sentia medo.”

“Amor é quando dizes a um rapaz que a camisa que ele usa é muito bonita, e ele a veste todos os dias.”

“Não deveríamos dizer amo-te a não ser quando realmente o sentimos. E se sentimos, então devíamos dizê-lo muitas vezes. As pessoas esquecem-se de o dizer.”

“Quando amas alguém, os teus olhos sobem e descem, e pequenas estrelas saem de ti!“

"Amor é quando o teu cão te lambe a cara, mesmo depois de o teres deixado sozinho o dia inteiro."

Fonte:http://perolasdesabedoria.blogpsot.com/



quarta-feira, 26 de setembro de 2007

INSISTIR, NUNCA DESISTIR!



O Verão não fora particularmente quente; mas, naquele dia o calor era intenso, quase excessivo. Depois de uma árdua semana de trabalho, subimos a serra a caminho do nosso cantinho predilecto, sedentos de repouso, paz, silêncio, tranquilidade... Sentámo-nos sobre a relva e inspirámos lentamente o ar puro que nos purificou os pulmões. Uma brisa fresca e ligeira acaricou os nossos corpos cansados. À nossa volta, as majestosas montanhas inspiravam-me sentimentos de humildade e reverência. Por entre a folhagem das árvores, penetravam raios de uma luz pura e sedosa. Não tínhamos pressa. O tempo parecia não existir.

À nossa frente, um casal com dois filhos pequenos. Pai e filho(com os seus 8 ou 9 anos) jogavam com raquetes de badminton. O prazer, a alegria e o entusiasmo com que se entregavam ao jogo prenderam a minha atenção. Vi no pai uma criança cheia de entusiasmo, vivacidade e contentamento. Cada vez que o filho acertava na "bola" ou fazia uma boa jogada, o pai expressava o seu contentamento e satisfação: "Boa!", "Boa, filho!". Quando o filho falhava, o pai corrigia-o com bondade, sabedoria e paciência; ensinando-o a postura correcta, os movimentos adequados, de modo a ser mais certeiro e eficaz. E depois repetia invariavelmente: "INSISTIR, NUNCA DESISTIR!". E o menino voltava a tentar uma e outra vez; e sempre que falhava ouvia o pai repetir: "INSISTIR, NUNCA DESISTIR!".

O menino insistia, empenhava-se; corria mais, saltava mais alto, corrigia a postura, aprimorava os gestos técnicos. Nos olhos do pai eu via um brilho de orgulho e satisfação: "BOA!" , "BOA, FILHO!" , "É preciso INSISTIR, NUNCA DESISTIR!".

Estas palavras de encorajamento, estímulo e incentivo ainda ecoam na minha mente. Costumo escutá-las nos momentos em que me sinto vacilar ou com falta de confiança diante de certos obstáculos. Quando sinto o desânimo a ganhar forças, o cansaço a querer derrubar-me, o medo a tentar conquistar terreno na minha mente, uma voz interior diz-me:" INSISTIR, NUNCA DESISTIR!".
E eu insisto, luto, faço, ajo, arrisco... Quando acerto, oiço a voz interior: "Boa!", "Boa, filho!". Quando tento, mas falho, oiço: "Boa!", "Boa, filho!" , "É preciso INSISTIR, NUNCA DESISTIR!".
Acredito que aquele menino jamais esquecerá as palavras do pai. Quando crescer e se deparar com os obstáculos da vida será forte e corajoso; superará muitos obstáculos e ouvirá o pai dizer:"BOA!" , "BOA, FILHO!". Cada vez que errar ou fracassar, levantará a cabeça e ouvirá uma voz dentro de si: "É preciso INSISTIR, NUNCA DESISTIR!".

domingo, 23 de setembro de 2007

Pérolas de sabedoria de Augusto Cury



Augusto Jorge Cury é médico, psiquiatra, psicoterapeuta e escritor. Pós-graduado em Psicologia Social, desenvolveu a teoria da Inteligência Multifocal, sobre o funcionamento da mente e o processo de construção do pensamento.
É pesquisador na área de qualidade de vida e desenvolvimento da inteligência, abordando a natureza, a construção e a dinâmica da emoção e dos pensamentos.
Desenvolve em Espanha pesquisa em Ciências da Educação na área de qualidade de vida.
Os seus livros já venderam milhões de exemplares, destacando-se: "A Saga de um pensador", "Nunca desista dos seus sonhos", "A ditadura da beleza e a revolução das mulheres", "Pais brilhantes, professores fascinantes", "Filhos brilhantes, alunos fascinantes".

Publicado em mais de 40 países, Cury foi conferencista no 13° Congresso Internacional sobre Intolerância e Discriminação da Universidade BYU, nos Estados Unidos. É doutor honoris causa pela UNIFIL (Centro Universitário Filadélfia, em Londrina) e membro de honra da Academia de Sobredotados do Instituto da Inteligência, no Porto.
Além disso, ele é director da Escola de Inteligência, instituto que promove a formação de psicólogos, educadores e do público em geral. Também na área educacional contribuiu com novos métodos e dinâmicas que tornam o ensino mais criativo e menos stressante.



quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Recado de JESUS aos Corações amedrontados

Este post merece uma introdução condigna.

Hoje, pela primeira vez, publico o mesmo post, em simultâneo, nos meus dois blogs. O objectivo é que o maior número de pessoas possível tenha acesso a este texto.
Há pessoas que visitam regularmente os meus dois blogs; outros que visitam apenas este, ou o Conhecer e seguir jesus. Também há os que visitam os meus blogs e o do autor do texto que irei transcrever e que, por essa razão, provavelmente já leram o texto. Mas, será sempre proveitoso rele-lo, estou certo.
Desejo que todos os que me visitam sintam vontade de ler este texto; crentes, não crentes, ateus, agnósticos, pessoas de diferentes religiões e credos (o texto é dirigido a todos). Desejo que o título do post não gere preconceitos ou desinteresse por parte dos que não crêem. Desejo que abram os vossos corações e recebam as palavras sábias e profundas escritas pelo meu caro amigo Rui Santiago, do blog: Derrotar montanhas( visitem-no sem demora).
Estou convicto que depois de lerem o texto sentirão a vossa alma mais leve, engrandecida, enriquecida, fortalecida, serena, grata( bem, já chega de adjectivos eloquentes)... E o vosso coração? Provavelmente, sentirá uma irresistível vontade de voar acima dos medos e entregar-se à liberdade suprema de um amor incondicional.
Boa leitura!


Recado de JESUS aos Corações amedrontados

Se tu soubesses do que és capaz, nem imaginas as cores com que se pintariam os teus dias! Se percebesses de uma vez por todas o teu verdadeiro tamanho, assim como eu próprio te vejo, e o lugar que ocupas no Coração do meu Pai, aprenderias de novo a dançar e a cantar como nos tempos de criança. Mas não dançarias mais como criança… Dançarias como fazem os Sábios de todos os tempos, cantarias como eles, sentirias o teu íntimo em Festa num sereno baile de Alegria e Paz…

Se tu soubesses do que és capaz, deixarias de fechar-te em ti próprio, e eu daria largas ao teu Coração, far-te-ia levantar voo acima dos teus medos, das tuas tristezas e das tuas desistências…

Deixa-me mostrar-te do que és capaz…

Todos os que dão crédito às minhas palavras, lentamente vão percebendo que não lhes minto! Dentro deles o Espírito Santo começa a fazer maravilhas, e eles sentem… Pouco a pouco, vão até aprendendo a colaborar com Ele, vão-lhe aprendendo os ritmos e percebendo os sinais… E, até hoje, nunca nenhum se sentiu defraudado em relação àquilo que lhe prometi! Bem pelo contrário…

Deixa-me mostrar-te do que és capaz…

Sou capaz de ensinar-te como se olha verdadeiramente para a Vida, para a História, para as Pessoas, e para os Desafios que tudo isto traz consigo! Sou capaz de libertar-te das forças autodestrutivas que às vezes ainda te minam o Coração: o ressentimento, o medo, a frustração, a impaciência, a desistência, a vingança, o desânimo…

Se tu soubesses do que és capaz adorarias voltar a ver-te ao espelho, e perceberias que tinhas renascido. Estas coisas escrevem-se-nos no rosto e nos olhos…

Lembras-te da quantidade enorme de desafios complicados que já venceste? São tantos, não são?!

Lembras-te de quantas vezes já pensaste “Desta não saio! Isto é demais! Nunca vou ultrapassar isto!”? Lembras-te?

Eu lembro-me bem, porque estive sempre contigo! Já vencemos juntos tantas coisas… E tudo isto, em vez de te fazer forte, muitas vezes só tem servido para complicares a Vida ainda mais por causa do passado e te assustares diante do rosto feio de alguns dias.

Por isso é que hoje tinha que falar-te assim, e andei às voltas a tentar arranjar uma maneira de o fazer! Porque quero muito que aprendas a olhar para ti como eu próprio te vejo!

Se tu soubesses do que és capaz, nem imaginas como os teus pés se tornariam ligeiros, as tuas pernas fortes, os teus braços vigorosos, o teu peito invencível, a tua cabeça inquebrável, o teu rosto terno, os teus olhos atentos…

Deixa-me mostrar-te do que és capaz!

Não perceberás tudo hoje, nem amanhã ainda… Mas começa hoje! Deixa-me mostrar-te do que és capaz…

Dentro de ti, quero ensinar-te a ver cada coisa com o seu real tamanho e valor, porque às vezes vês grandes demais problemas pequenos, e não prestas atenção a grandes maravilhas… Como tu!

Quando aprenderás a olhar para ti como se contempla uma maravilha? Quando aprenderás a ver-te como eu te vejo?

Não te olho à procura de perfeições, não existe em mim qualquer moralismo, não te exijo que sejas diferente do que és para gostar de ti e para me encantar ao olhar-te. Basta-me que sejas assim como és. Não compliques…

Se tu soubesses do que és capaz, tirarias finalmente muitos projectos da gaveta do teu Coração e darias passos que antes julgavas maiores do que as pernas. Porque se tu soubesses do que és capaz, as tuas pernas cresceriam…

Rui Santiago, Derrotar montanhas

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Raquel

Como o texto anterior escrito pelo Pedro Paixão foi apreciado por muitos leitores; hoje, vou publicar mais uma pequena história deste escritor. É um texto sobre as recordações duma paixão vivida entre dois adolescentes. Uma paixão vivida com intensidade, inocência, insensatez, irresponsabilidade, magia, aventura, ousadia... Podia ser paixão ou amor; mas só esse sentimento os unia e importava, tudo o resto era secundário, quase supérfluo e irrelevante ..."O amor era urgente e o mundo inteiro feito de nós dois."

Os corrimãos, as costas doridas, as caixas de correio cheias de publicidade e o cheiro a cabelos, lembro-me bem. Éramos novos, não tínhamos nada ou então tínhamos tudo porque nada nos faltava. Não tínhamos casa para onde ir, nem cama onde dormir, nem mesa onde comer. Pouco importava. O amor era urgente e o mundo inteiro feito de nós dois.
Dormíamos muito agarrados em bancos de jardins, enroscados em vãos de escadas que tremiam e se arrepiavam com os nossos corpos. Poucas vezes nos estendemos em camas de reles quartos de pensões que nos faziam rir antes do nosso sangue, tão espesso e tão quente, nos sufocar. Não tínhamos dinheiro ou muito pouco. Pedíamos uma cerveja para os dois e ficávamos até baixarem as luzes e o empregado vir dizer que tínhamos de sair. Se um de nós adormecia de cansaço, a cabeça em cima dos braços cruzados sobre o tampo da mesa, o outro ficava de guarda, como um anjo. Éramos novos e não havia outra maneira. De três em três dias íamos a casa dos nossos pais, apontando para as horas em que eles não estavam, tomar banho, mudar de roupa e roubar chocolates e bolachas e depois voltávamos para as ruas, para as escadas, para o calor.
Quem chegava atrasado era punido com beijos. Os nossos pais não percebiam, destruíam-nos a cabeça cada vez que nos apanhavam. Discutíamos alto e depois fugíamos batendo a porta atrás de nós, um livro no bolso para ler um ao outro debaixo de uma lãmpada qualquer.
O tempo foi clemente, as escadas sossegadas, nos jardins os passadores de drogas ignoravam-nos. Ninguém nos surpreendeu no escuro de um vão de escadas, embora houvesse momentos de perigo, que faziam bater tão alto o coração que parecia inevitável trair-nos e, por milagre, só nós ouvíamos. Não fomos atacados, roubados, violados. Nada de mal nos aconteceu, nem medo tínhamos. O mundo inteiro era feito de nós dois e era o bastante. O amor era a única coisa urgente, tudo o resto era adiado, não importava, ficava para depois. As aulas, os testes, tudo o que antes fazia uma vida, e não era. Se quiseres não acredites. Por vezes também não acredito. Mas foi mesmo verdade. Foram meses de uma primavera que passou. E se ainda acontece falarmos ao telefone, nenhum de nós fala sobre isso, como se tivéssemos vergonha de ter sido assim. Se quiseres saber mais pergunta-lhe a ela, a mim não. Chama-se Raquel e não mora longe daqui.

Pedro Paixão, em "Nos teus braços morreríamos"

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Dois homens a chorar num restaurante de luxo

Pedro Paixão é um dos meus escritores preferidos. Já perdi a conta das vezes que li este texto. Eu que já senti tantas vezes "aquela dor que bate quando quer", e por isso sinto uma empatia profunda por estes dois homens sensíveis sentados à mesa de um restaurante, presos à nostalgia de um amor grandioso e profundamente doloroso.

Escolhemos uma mesa junto à janela e pedimos cherne grelhado.
Há quatro meses que não nos vemos, cada um com os seus problemas, ele a refazer uma empresa, eu a curar-me de ti. Claro que de ti não falo, porque não temos intimidade para isso e porque falar de ti é arriscar-me a reavivar a ferida, a dor que hoje ainda não senti. Por isso nem minto quando digo que já estive mal e que hoje estou bem. Mas, de repente, o meu amigo, o meu novo amigo, sem que pareça vir a propósito, começa a falar de um amor antigo e que não passa, um amor excessivo como o nosso e eu fico preso às palavras que me diz sem cuidar de mais nada.
Como é possível que outros tenham sentido o que eu senti? É um escândalo. Eu digo-lhe que o meu interesse é puramente literário mas que por favor não pare. Há pormenores, detalhes que são uma réplica perfeita do que fomos, coisas sem importãncia que guardamos como tesouros. Olhamo-nos fixamente nos olhos como se um do outro aguardássemos uma resposta a qualquer coisa que não saberíamos pôr por palavras, naúfragos sem desejar salvação. E enquanto ele me conta devagar, com todos os cuidados - é imperioso que nada falte - a despedida, o último abraço, a voz embarga-se-lhe, vêm-lhe lágrimas aos olhos e depois sorri. Também eu sinto os olhos húmidos, uma vontade de o abraçar, de o proteger, embora ambos saibamos que não há maneira de afastar para longe aquela dor que bate quando quer.
Pagamos a conta e saímos, seguindo calados pelas ruas cheias de um sol sem compaixão. Uma montra lembra-nos com malvada ironia que vem aí o dia dos namorados. Deixo-o à porta do escritório onde nos abraçamos pela primeira vez e continuo em frente sem me perguntar para onde.

Pedro Paixão, em "Amor Portátil"

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A Dádiva mais preciosa



A vida é tão preciosa... e tão bela. Basta escutar o pulsar radiante do coração do novo dia que nasce no horizonte da esperança. Basta inebriar-me com o doce e suave aroma do teu sorriso que desperta pela manhã todos os sonhos que enterrei antes de te conhecer. Basta-me o teu coração como abrigo e os teus braços sempre abertos para me acolher quando as tempestades da alma obscurecem o horizonte da fé e o sol da alegria esconde-se por detrás de nuvens passageiras de dúvidas e medos opressores. Basta a recordação da melodia divina de um pássaro sonhado nas manhãs de uma qualquer primavera da nossa pura inocência. Basta a tua mão entrelaçada na minha a dizer-me que me levantarás sempre que cair e que me perdoarás todos os infortunios das minhas imperfeições.

A vida é um dom. O amor também é um dom. Não amamos porque queremos. Não amamos porque desejamos desesperadamente amar. Amamos porque nos foi concedida essa dádiva maravilhosa, que precisamos cultivar, cuidar, tratar, vigiar, proteger... Tens de dar a tua dádiva para que ela cresça em ti. Tens de dar o teu amor para que ele viva e se renove. Essa dádiva única e preciosa tem de ser compartilhada se quiseres que ela permaneça contigo. Quanto mais deres, mais terás. Sentirás uma alegria inexprimível por partilhares a tua dádiva, mesmo que não recebas nada em troca. Não esperes receber algo em troca para alimentar o teu dom de amar. Acima de tudo preserva a tua dádiva de amor como um tesouro a ser compartilhado diariamente.

Se alguém chora, vai e oferece-lhe a tua dádiva de amor.
Se alguém sofre, vai e oferece-lhe o consolo e conforto do teu dom de amor.
Se alguém está só, vai e oferece-lhe o abrigo do teu coração onde habita a tua dádiva de amor.
Se alguém tem fome, vai e partilha o teu tesouro.
Se alguém desconhece esta dádiva, vai e mostra-lhe que ela existe dentro de cada um de nós.
Se alguém perdeu a esperança, vai e leva-lhe a dádiva de luz que trazes dentro de ti.
Se alguém grita de dor, vai e leva-lhe o silêncio sagrado da tua dádiva.
Se alguém está doente, vai e leva-lhe o conforto da tua presença luminosa.
Se alguém se sente culpado, vai e leva-lhe o poder libertador da tua dádiva.
Se alguém se sente rejeitado, vai e acolhe-o no seio da tua dádiva de amor.

A vida é tão preciosa... O melhor da vida? Este dom gratuito que faz pulsar o coração e é a essência da vida. Ou como alguém muito apaixonado disse: "A vida é a visão do Infinito, de todas as possibilidades e realizações que o amor pode trazer(...) Um homem só pode entregar-se nas mãos de alguém quando o amor é tão grande que o resultado dessa entrega é a liberdade total". Não se pressupõe a existência do amor sem liberdade. Liberdade para ser, para se reinventar, para romper com preconceitos, para superar falsos limites, para enfrentrar todos os medos, para se transformar em luz que ilumina, inspira, cativa, estimula, edifica...


sexta-feira, 7 de setembro de 2007

As perguntas importantes de uma pessoa em construção:

- Quais são as minhas principais capacidades e qualidades?

- Quais são as minhas principais limitações e imperfeições?

- O que está hoje ao meu alcance para mudar?

- Quais são os sentimentos que me acompanham mais vezes?

- Qual é o sentimento mais frequente e presente em mim?

- Que sentimento gostaria de sentir mais vezes, ou mais intensamente?

- Está ao meu alcance consegui-lo?

- O que é importante fazer ou oferecer a mim próprio e eu ando a adiar há muito tempo?

- O que é importante fazer ou oferecer a alguém e eu ando a adiar há muito tempo?

- Hoje não pode ser um bom dia para me decidir?

- Ainda tenho sonhos pelos quais valha a pena lutar?

- Quais são os grandes adversários nas minhas lutas?

- Quais são as minhas fortalezas e os motivos para querer sempre recomeçar?

- Que lugar tem a Palavra de Deus no concreto dos meus dias?

- Se eu fosse morrer dentro de cinco minutos e me pusessem em directo na televisão, o que diria?

Fonte: Jovens Redentoristas

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Dulcineia


O autor cristão Brennan Manning, no livro "A assinatura de Jesus" , partilha um pequeno trecho de uma peça de teatro inspirada na obra-prima de Miguel de Cervantes -"Dom Quixote" .

O autor descreve uma cena que se passa na peça O homem de La Mancha:«Na peça ocorre um diálogo entre Alonso Chiana(também conhecido como Dom Quixote) e Aldonza, uma criada e prostituta. No seu delírio Alonso vê aquela mulher como uma aristocrata, e trata-a de forma compatível. Ele chama a meretriz rude e vulgar de "minha senhora" e "minha doce Dulcineia" . Num primeiro momento ela fica perplexa e indignada; não consegue entender este louco. Mas há uma pungente beleza nele. Por que razão ela se sente tão atraída por este homem misterioso? Porque dele vem a afirmação de que ela é um tesouro e deve ser estimada e tratada como tal. Ele faz em pedaços a muralha do seu medo e atitude defensiva.- Dulcineia! - brada Aldonza. - Meu Deus, ele conhece toda a história da minha vida. E ainda assim chama-me de Dulcineia!

Para esta mulher coberta de vergonha, é uma palavra que faz surgir um raio de luz nas profundezas de um mar negro. Atordoante na sua simplicidade, transformadora no seu poder, espantosa na sua sabedoria, Dulcineia é a indizível declaração das profundezas místicas do próprio Deus. Dulcineia é a esmagadora revelação de que Deus vê as coisas de modo diferente do que nós.

Perto do final da história o mundo de sonhos de Dom Quixote é despedaçado, e um desnorteado Alonso Chiana está a morrer na casa da sua família. Aldonza irrompe no quarto. Alonso não a reconhece. Ele está fraco, doente e confuso.
- É possível que eu a tenha conhecido, mas não me recordo - diz ele. Aldonza ajoelha-se ao lado da cama e implora:
- Tente lembrar, por favor!
- É assim tão importante?
- É tudo! - responde ela. - A minha vida inteira. O senhor falou comigo e tudo... mudou.
- Falei consigo?
- Chamou-me por outro nome. Dulcineia... Quando o senhor disse o nome foi como se um anjo sussurrasse: "Dulcineia... Dulcineia...".

Todo o anseio reprimido no coração humano de Aldonza vem à tona enquanto ela derrama diante de Alonso o que aconteceu quando ele a chamou por esse nome, o terramoto de espírito causado pelo seu amor e aceitação. Ele tê-la chamado de "senhora" despertara nela algo que ela pensava que jamais poderia ser. Ela havia estado morta, congelada, imune à emoção humana. O triunfo da sua vida tinha sido não precisar de ninguém. Mas ele invadira-lhe a câmara fechada do coração, e ela começara a derreter. Sementes de esperança, há muito enterradas, vieram à vida. Ela começara a crer que era Dulcineia. Tudo mudara porque ela havia sido tocada pelo amor de um velho sonhador que se chamava a si mesmo de Dom Quixote.

"A Assinatura de Jesus", Brennan Manning

sábado, 1 de setembro de 2007

O Pôr-do-sol contigo


Escrevi este texto inspirado por uma experiência de um grande Amigo que, infelizmente, vive há alguma distância de mim, mas que está sempre presente nos meus pensamentos, e ocupa um lugar especial no meu coração. Esta prosa poética é dedicada ao meu grande Amigo, Paulo, com o qual compartilhei muitas aventuras, histórias, ideias, sentimentos, sonhos, desilusões, desgostos, esperanças, dores, alegrias, tristezas... Que a nossa amizade seja eterna! Espero que gostes do texto. Escrevi-o na primeira pessoa. Provavelmente, não são estes os sentimentos que sentes em relação à experiência que vives. Esta é apenas a minha leitura e interpretação do que partilhaste comigo.

Gostava que as coisas fossem mais simples... mais transparentes. Gostava de te ver mais vezes, para cruzarmos os olhares e, talvez, num instante mágico, tudo o que temos cá dentro brilhasse como estrelas candentes no esplendor dos nossos rostos resplandecentes.

Perco-me nos labirintos das tuas ausências, das intermitências do teu afecto... Recordo os teus gestos de ternura e uma torrente de falsas ilusões e esperanças momentâneas invade-me o vazio da alma...

Nos dias da tua ausência tenho de esculpir sonhos, tecer ilusões como um artista solitário e incompreendido, que assim tenta exorcizar medos e vagos fantasmas que invadem os desertos da alma. Por vezes, renuncio à razão e mergulho nas profundezas do coração, onde sempre encontro ilusões consoladoras e sonhos cheios de esperança despertados pela beleza oculta nas profundezas do teu verdadeiro ser adormecido e desconhecido.

Desperta a criança que há muito adormeceu dentro de mim. Mostra-me de novo a pureza dos corações, a magia da descoberta, a simplicidade de ser, a espontaneidade genuína, o espanto perante a beleza da vida... Ensina-me a arte da confiança aberta e segura; a capacidade de dar e amar sem medo nem expectativas; o dom de não julgar, mas apenas compreender com profundidade e serenidade... Ilumina-me os recantos obscuros da alma com essa luz que brilha dentro de ti e que persistes em ofuscar com teorias e abstracções...
O verdadeiro amor brota do intelecto ou de um coração puro, livre, disponível?
Gostava que as coisas fossem mais simples... Gostava de ser uma prioridade na tua vida e não uma alternativa. Não quero ser alguém com quem apenas podes encontrar-te nas horas livres dos teus dias repletos de compromissos, que te separam da essência da vida e te aprofundam o vazio dos dias.
Tardas, o meu olhar esmorece...
És tu quem eu quero ver
ao adormecer
A minha canção de embalar...
Cansam-me as confusas conjecturas e inúteis especulações. Troco todas as palavras que até agora partilhámos pela suave e inebriante luz do teu doce e meigo olhar. Na tua ausência quero recordar mais intensamente essa luz que o teu olhar irradia do que as palavras que por vezes escondem o que realmente o teu coração me quer dizer.
Depois de saber que existes já não quero mais estes dias sem sentido e sem brilho, quero apenas seguir pelo caminho que o teu olhar iluminou, adormecer no doce abrigo do teu abraço, acordar com o sol do teu sorriso a brilhar no horizonte da minha alma, agarrar-te pela mão e caminharmos juntos pelos campos floridos de um prado qualquer... Tenho um sonho...
Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelo campo,
E eu andarei contigo pelos campos ver-te colher flores.
Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Pois quando vieres amanhã e andares comigo no campo a colher flores,
Isso será uma alegria e uma verdade para mim.
Confesso-te que prefiro:
Amanhã virás, contemplarás o pôr-do-sol comigo
E eu verei a luz do sol poente brilhar no teu rosto.
Eu já te vejo amanhã a contemplar o pôr-do-sol comigo,
Pois quando vieres amanhã e contemplar o pôr-do-sol contigo,
Isso será uma alegria e uma verdade para mim.