terça-feira, 29 de abril de 2008

O amor fresco e puro...


Não quero o amor que desconhece limites,
como o vinho espumante que rompe o vaso e se derrama,
perdendo-se em um instante.

Envia-me o amor fresco e puro como Tua chuva
que abençoa a terra sedenta e enche as vasilhas do lar.
Envia-me o amor que penetra até ao centro do ser
e daí se espalha, como seiva invisível, pelos ramos da árvore da vida,
fazendo brotar flores e frutos.
Envia-me o amor que mantém o coração tranquilo, com a plenitude da paz.

(Rabindranath Tagore)

domingo, 27 de abril de 2008

Quando estiverem afinadas...


Quando estiverem afinadas, Mestre,

todas as cordas da minha vida,

cada vez que as toques, cantarão de amor.

(Rabindranath Tagore)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O pássaro livre e o pássaro domesticado



O pássaro domesticado vivia na gaiola e, o pássaro livre, na floresta.

Mas o destino deles era se encontrarem, e a hora finalmente havia chegado.

O pássaro livre cantou: - Meu amor voemos para o bosque.

O pássaro preso sussurrou: - Vem cá, e vivamos juntos nesta gaiola.

O pássaro livre respondeu: - Entre as grades não há espaço para abrir as asas.

- Ah, lamentou o pássaro engaiolado - no céu não saberia onde pousar.

O pássaro livre cantou: - Amor querido, canta as canções do campo.

O pássaro preso respondeu: - Fica junto comigo, e eu te ensinarei as palavras dos sábios.

O pássaro da floresta retrucou: - Não, não! As canções não podem ser ensinadas!

E o pássaro engaiolado gemeu: - Ai de mim! Eu não conheço as canções do campo.

Entre eles o amor era sem limites, mas eles não podiam voar asa com asa.

Olhavam-se através das grades da gaiola, mas em vão desejavam se conhecer.
Batiam as asas ansiosamente, e cantavam: - Chega mais perto, meu amor!

Mas o pássaro livre dizia: - Não posso! Tenho medo da tua gaiola com portas fechadas.

E o pássaro engaiolado sussurrava: - Ai de mim! As minhas asas ficaram fracas e morreram. - (Rabindranath Tagore)

terça-feira, 22 de abril de 2008

Sim, bem sei...


Sim, bem sei, ó Amado do meu coração,
tudo isso não é senão o Teu Amor ;
esta luz dourada que dança sobre as folhas,
estas nuvens preguiçosas navegando pelo céu,
esta brisa fugitiva deixando uma frescura em minha fronte.

A luz da manhã inundou os meus olhos;
essa é a Tua mensagem ao meu coração.
A Tua face debruça-se do alto,
os Teus olhos olham os meus olhos aqui em baixo,
e o meu coração resvala pelos Teus pés.

(Rabindranath Tagore)

domingo, 20 de abril de 2008

Ser Amor

«Estive duas vezes no monte Athos. Lembro-me com prazer da primeira visita há vinte anos. O velho padre nos cumprimentou, a mim e a meu irmão, em Simonos Petras. Não entendemos nada do que ele falava. Mas as mãos que nos estendeu eram tão macias e sensíveis que exalavam amor. E os seus olhos irradiavam tal amor que logo nos sentimos em casa. Então pressenti como uma pessoa pode mudar quando é atravessada por inteiro pelo amor de Deus.
Quando olho tais pessoas que são puro amor lembro-me também de uma velha camponesa em cujo olhar se podia ler amor e misericordiosa doçura. Ela passou por altos e baixos na vida. Não falava muito. Mas em todo o seu ser brilhava um amor que brotava em todos os poros do seu corpo. Dessas pessoas flui um amor que tudo une, Deus, homem e criação. Elas estão em harmonia consigo mesmas e com a sua vida. Elas se amam e se sabem profundamente amadas por Deus. Elas fazem o seu amor fluir para tudo que encontram, para os homens, mas também para os animais e as coisas, que elas tocam amorosamente.
É provável que o leitor também conheça essas pessoas que são preenchidas de amor em todo o seu ser. Perto delas, você se sente em casa, aceite, amado. Mas o que é isso que irradia dessas pessoas? Temos dificuldade quando tentamos definir com mais precisão aquilo a que chamamos amor. Só podemos descrever que o amor é, evidentemente, uma qualidade do sentir, do falar e do agir, uma força que flui de nós, uma irradiação. Nela estão as qualidades da doçura, da bondade, da ternura, da amizade, da mansidão, da alegria. Por fim, estão reunidos no amor todos os frutos do Espírito que Paulo enumera na Epístola aos Gálatas (Gl 5,22s).» - Anselm Grun, "Morar na casa do Amor"

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Liberdade


«Liberdade é uma condição essencial para ser feliz. É muito mais que fazer o que lhe apetecer! Isso é livre-arbítrio, não Liberdade… Liberdade é querer fazer o que considero melhor fazer, ainda que custe, ainda que, superficialmente, não me apeteça. Ser livre implica ser muito forte, porque é um combate que se trava consigo próprio. Ser livre é ser protagonista nas minhas opções, decisões e acções, não porque só se faz o que apetece, mas porque se está radicalmente comprometido com o que se faz.»

Rui santiago, Jovens redentoristas

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Como as criancinhas


"Ás vezes, em sonho triste
nos meus desejos existe
longinquamente um país
onde ser feliz consiste
apenas em ser feliz. " - Fernando Pessoa

«As crianças a brincar juntas mostram-nos a alegria de estarem juntas, assim..., nem mais nem menos. Um dia, quando eu estava muito ocupado a entrevistar uma artista que admirava bastante, a sua filhinha de cinco anos disse-me: «Fiz um bolo de aniversário com areia. Agora tem de vir e fingir que o está a comer e que gosta dele. Vai ser divertido!» A mãe sorriu e disse-me: «É melhor você brincar com ela antes de falar comigo. Talvez ela tenha mais a ensinar-lhe do que eu.»

A alegria simples e directa duma criança recorda-nos que Deus se manifesta nos lugares onde há sorrisos e até risadas. Os sorrisos e as risadas abrem as portas do reino. Eis por que Jesus faz um apelo a que nós sejamos como crianças.» - Henri Nouwen, em "Aqui e Agora"

domingo, 13 de abril de 2008

Surpreendidos pela Alegria


«Nós somos surpreendidos pela alegria ou pela tristeza?

O grande desafio da fé é sermos surpreendidos pela alegria. Recordo-me duma vez em que estava sentado à mesa de jantar com alguns amigos a discutir sobre a depressão económica do país. Continuávamos a amontoar estatísticas que nos convenciam cada vez mais de que as coisas não podiam senão piorar. Então, de repente, o filho de quatro anos dum dos meus amigos abriu a porta, correu para o pai e disse-lhe: «Olha, pai! Olha! Encontrei um gatinho no jardim... Olha!... Não é giro?» E, enquanto mostrava o gatinho ao pai, o menino acariciava-o com as mãos e apertava-o contra a face. Tudo mudou de repente. O miúdo e o gatinho tornaram-se o centro das atenções. Houve sorrisos, carícias e muitas palavras de ternura. Enfim, fomos surpreendidos pela alegria!

Deus fez-Se um menino no meio dum mundo violento. Seremos nós surpreendidos pela alegria ou contiuamos a dizer: «Sim, é bonito e terno, mas a realidade é diferente?» E que tal se a criança nos revelasse aquilo que, efectivamente, é a realidade?» - Henri Nouwen, em "Aqui e Agora"

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O Olhar de Amor


«Deus não é o olhar curioso, o olhar inquiridor, o olhar que esquadrinha, o olhar que julga. Deus não é também o olhar condescendente, que vem de cima para baixo, olhar que fere, olhar que ignora o outro como pessoa, olhar que despreza.(...)

Ser bom com Deus: que frase maravilhosa! Não somos bons com Deus se O tratamos como alguém que Ele não é; não somos bons com Deus se O tratamos pura e simplesmente como um juiz- François Varillon, em "Viver o Evangelho"


Deus é: "Um olhar de amor que me faz existir e me faz crescer no amor." (clicar)

terça-feira, 8 de abril de 2008

O Beijo de Amor


«(...) o beijo é a troca de respirações, que significa a troca das nossas profundidades: respiro-me em ti, expiro-me em ti e aspiro-te em mim de tal maneira que esteja em ti e tu estejas em mim.

Quer dizer, saio de mim mesmo para já não ser eu o meu próprio centro para que, doravante, o meu centro sejas tu. É a ti que eu amo, és tu o meu centro, vivo para ti e por ti; sei que tu também sais de ti, que já não és tu o teu próprio centro, estás centrado(a) em mim. Eu estou centrado em ti, vivo para ti. Tu estás centrado(a) mim, vives para mim e ambos vivemos um pelo outro. Amar é viver para o outro (é o dom) e viver pelo outro (é o acolhimento). Amar é renunciar a viver em si, para si e por si.» -François Varillon, em "Alegria de Crer e de Viver"

domingo, 6 de abril de 2008

Há amores assim

Donna Maria - "Há amores assim"




Há amores assim
Que nunca têm início
Muito menos têm fim
Na esquina de uma rua
Ou num banco de jardim
Quando menos esperamos
Há amores assim

Não demores tanto assim
Enquanto espero o céu azul
Cai a chuva sobre mim
Não me importo com mais nada
Se és direito ou o avesso
Se tu fores o meu final
Eu serei o teu começo

Não vou ganhar
Nem perder
Nem me lamentar
Estou pronta a saltar
De cabeça contra o mar

Não vou medir
Nem julgar
Eu quero arriscar
Tenho encontro marcado
Sem tempo nem lugar

Je t’aime j’adore
Um amor nunca se escolhe
Mas sei que vais reparar em mim
Yo te quiero tanto
E converso com o meu santo
Eu rezo e até peço em latim

Quando te encontrar sei que tudo se iluminará
Reconhecerei em ti meu amor, a minha eternidade
É que na verdade a saudade já me invade
Mesmo antes de te alcançar
É a sede que me mata
Ao sentir o rio abraçar o mar

Sem lágrima caída
Sou dona da minha vida
Sem nada mais nada
De bem com a vida

quinta-feira, 3 de abril de 2008

O Amor de Deus



«Não é possível entrar em competição para ver quem é que ganha o amor de Deus. O amor de Deus é um amor que abraça a todos - cada um na sua própria unicidade. Só quando reivindicamos o nosso lugar no amor de Deus é que podemos experimentar o abraço total desse mesmo e incomparável amor e sentirmo-nos em segurança, não só em relação a Deus mas também em relação a todos os irmãos e irmãs. »


Henri Nouwen, em "Viver é Ser Amado"

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Coração Puro

"Quem o tem o coração puro? Aquele que não mancha o seu coração nem com o mal que comete nem com o bem que faz». -Dietrich Bonhoeffer, citado por François Varillon, em "Alegria de Crer e Viver"