sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O SENTIDO DA VIDA

«O sentido da minha vida não consiste,em primeira linha,em criar algo grandioso. Devo sim,viver de modo autêntico aquilo com que Deus me presenteou para que se torne fértil para esse mundo. Ao encontrar o sentido da minha própria vida,tornar-me-ei suficientemente forte para interceder por esse mundo no sentido de torná-lo mais humano.»

(Anselm Grun, em "Fontes da Força Interior")

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A SOMBRA

Aquele que conhece sua sombra lidará com mais cuidado consigo mesmo e questionará mais criticamente suas próprias motivações. Cessará de projetar seus lados de sombra em outros povos ou no vizinho ao lado, e lidará de forma mais benevolente com as pessoas em seu redor.

A sombra é aquilo que excluímos da vida, porque não corresponde à ideia que fazemos de nós e de nossa imagem externa.

Anselm Grun, em "O Ser fragmentado"

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A FELICIDADE VEM POR ACRÉSCIMO

«Um trecho do Evangelho diz:
"Procurai em primeiro lugar, o Reino e o resto vos será dado por acréscimo."

A felicidade é justamente o que nos é dado por acréscimo! Razão pela qual se a procurarmos em primeiro lugar, nunca chegaremos a encontrá-la...

A etimologia da palavra felicidade é muito significativa. Como já indiquei com precisão, é a "boa hora"; trata-se de estarmos na hora certa, de estarmos presentes onde estamos!

A infelicidade é justamente não estarmos presentes... onde estamos!
Há duas maneiras de viver o tempo: o presente e o ausente.(...)

A felicidade é reencontrarmos em nós a capacidade para amar, porque tudo o que fazemos sem amor é tempo perdido, é feito em má hora, é uma infelicidade... Enquanto tudo o que fazemos com amor é a eternidade reencontrada, a boa hora reencontrada; desse modo, a felicidade nos é dada por acréscimo.»

(Jean-Yves Leloup, em "Amar... apesar de tudo")

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O JULGAMENTO FINAL


Não tenho medo do julgamento final, sei que seremos julgados por um olhar de criança...
Quando hoje me coloco diante desse terrível olhar inocente, não consigo ter ilusões sobre mim mesmo e, ao mesmo tempo, não posso mais desesperar. Quando somos olhados assim, não nos sentimos mais fora do alcance do amor, qualquer que seja a espessura de nossas máscaras.
(Jean-Yves Leloup, em "O absurdo e a graça")

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

QUEM É ELE?

Eu me vangloriei entre os homens de haver-Te conhecido.
Eles vêem as Tuas imagens em todas as minhas obras.
Então se aproximam e perguntam: ‘Quem é Ele?’
Não sei o que lhes responder, e digo apenas:‘Na verdade, não sei como vos contar’.
Eles troçam de mim e se afastam, com desprezo.
E Tu ficas aí, sentado e sorrindo.


Conto as Tuas histórias em canções sem fim,
e nelas o segredo do meu coração acaba escapando.
Eles se aproximam e me perguntam: ‘Conta-nos o que significam todas essas canções’.
Não sei o que lhes responder, e digo apenas: ‘Ah, quem pode saber o que elas significam?’
Eles sorriem e vão-se embora, me desprezando.
E Tu continuas aí, sentado e sorrindo.”


Rabindranath Tagore

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

TUDO, MENOS CORAÇÃO

Conheci um homem que passou 47 anos entrevado num quartinho abafado e morreu sem maldizer a vida.
Conheci uma mulher que criou 12 filhos, perdeu o marido cedo e nunca reclamou de nada.
Conheci uma pessoa que não tinha quase beleza física, mas só tinha lindas palavras para os outros.
Conheci uma outra que era absolutamente rigorosa consigo mesma, mas sempre foi afável para com todos.
Conheci um mendigo que cantava pelas ruas da cidade.
E conheci alguém que tinha tudo, menos coração.

(Pe. Neylor J. Tonin)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

AMOR ESPONTÂNEO E LIVRE

«O amor que fracassa quando não se vê correspondido não é livre, já que depende do amor de outrem; portanto, tem apenas interesse, confundindo-se com o egoísmo. Este amor exige reciprocidade.

A generosidade desinteressada atinge a sua plenitude no amor de cada um aos seus inimigos.
Por isso o perdão é um dom perfeito, e nele brilha a liberdade do amor.

O amor que temos aos nossos inimigos é o ponto mais alto da nossa consciência moral formada pelo cristianismo

(François Varillon)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A LÓGICA DO AMOR

«O amor tem pouco a ver com merecimento.
O amor não é um prémio que se dá aos bons, mas nasce da liberdade da pessoa que ama.
Nós não amamos pessoas que achamos que merecem o nosso amor ou que seriam as melhores pessoas para amarmos e sermos amados, mas amamos porque amamos!

Eu posso escolher alguém para casar a partir de um cálculo sobre as vantagens e desvantagens; mas não posso amar alguém desta forma.
Amor tem um outra lógica que não obedece às regras racionais da retribuição, cálculo, comparação, etc.»

Jung Mo Sung, em "O Caminho Espiritual para a Felicidade"

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

AMAR O PRÓXIMO COMO A NÓS MESMOS

A auto-estima consiste em como nos vemos reflectidos nos olhos dos outros. Isso, por sua vez, condiciona a percepção do mundo e a interacção com a comunidade.

Na condição de cristãos, a auto-estima negativa se expressa basicamente como uma imagem de pessoas não amadas. Negamos nosso próprio valor, somos assombrados por sentimentos de insuficiência e inferioridade, e nos fechamos para o valor dos outros porque ameaça nossa existência. (...)

Para amar o próximo como a nós mesmos, precisamos reconhecer nosso valor e nossa dignidade intrínsecos e nos amar de forma saudável e consciente, conforme Jesus nos ordenou ao dizer: "Ame o seu próximo como a si mesmo". (...)

A capacidade de amar a si mesmo é a raiz e o pilar básico de nossa capacidade de amar aos outros e a Deus. Só posso tolerar nos outros aquilo que posso aceitar em mim.

Van Kaam escreve:

A bondade para com o meu precioso e frágil "eu", quando inspirado exclusivamente por Deus, constitui o núcleo de bondade para com os outros e com as múltiplas formas criadas do Divino ao meu redor. É também uma condição necessária para minha apresentação a Deus.

Ironicamente, nossa auto-repugnância nos leva de modo bem frequente a prejudicar a auto-estima de outros. Andrew Greeley escreve:

A missão de Deus no mundo e sua missão na relação com o crente enquanto indivíduo é essencialmente uma missão de superação da auto-aversão. Pois a auto-aversão é uma barreira ao amor. Não odiamos outras pessoas porque nos amamos demais, mas porque não conseguimos nos amar o bastante. Nós as tememos e desconfiamos delas porque nos sentimos inadequados em nossa relação com elas. Nós nos escondemos por trás de nossa raiva e ódio porque em algum recesso profundo de nossa personalidade não acreditamos que somos bons o suficiente para elas.

(Brennan Manning, em "Convite à Loucura")

domingo, 8 de fevereiro de 2009

NÃO JULGAR PARA NÃO SER JULGADO

«O homem será julgado pela sua capacidade de amar. Aquele que julga o irmão não pode amar. Só vê o mal, está impedido de ver o bem que com ele se mistura.

Este tipo de injustiça, se não for detectada, provavelmente levará à condenação.
Acertamos quando dizemos «não julguemos para não sermos julgados».

Valemos o que valem os nossos juízos.»

(François Varillon)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Para além da cortina da vida


Ignoro onde estejam os que amei e que morreram. Só sei que não estão nos cemitérios, apesar de o sol se inclinar dia após dia frente aos seus túmulos fazendo brilhar os nomes deles.

Do além não imagino nada, ou apenas algo que se assemelha àqueles campos há muito por cultivar e cujos proprietários seria impossível encontrar, mesmo procurando nos pesados registos cor de malva das repartições municipais.

Cristo percorre esta terra inculta que escapou à tirania do utilitário, com o passo lento do vagabundo que não tem nada para fazer senão contemplar os mil cambiantes da vida. Quando se estende na erva para uma sesta, borboletas aproximam-se da sua cara, agitando, com o batimento silencioso das asas coloridas, o ar que ele respira.

(Christian Bobin, em "Ressuscitar")

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

DESPERTAR


Leio nas folhinhas amarelas da bétula, brilhantes de chuva e resistindo ao vento que as fustiga, como numa carta um pouco apressada escrita por um Deus pobre.

O meu coração desperta apenas raramente, mas quando o faz é para saltar de imediato sobre a eternidade como sobre uma presa desejada.
Christian Bobin, em "Ressuscitar"

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Aceitação de si mesmo (4ªparte)

«Temos tanta dificuldade em aceitar as nossas pobrezas que até parece que nos impedem de amar: como somos deficitários neste ou naquele ponto, não merecemos ser amados.
Viver sob o olhar de Deus, faz-nos perceber que essa ideia é falsa: o amor é gratuito, não se merece, as nossas pobrezas não impedem Deus de nos amar, pelo contrário! Somos libertados do terrível e desesperante dever de sermos alguém de bem para, finalmente, merecermos ser amados.

Porém, «autorizando-nos» a ser nós mesmos, a ser pobres pecadores, o olhar de Deus também nos permite todas as ousadias no caminho da santidade: temos o direito de aspirar aos cumes, de desejar a maior santidade, pois Ele quer e pode conceder-no-la.
Nunca ficamos encerrados na mediocridade, nem somos coagidos a uma triste resignação, mas temos sempre a esperança de progredir no amor.

Do pecador que eu sou, Deus é capaz de fazer um santo, a Sua graça pode realizar este milagre, posso ter uma fé ilimitada na força do Seu amor.

Aquele que cai todos os dias e que, apesar disso, se levanta dizendo: «Senhor, agradeço-Te, pois tenho a certeza de que farás de mim um santo!» agrada muito a Deus e, mais cedo ou mais tarde, receberá o que espera.

A atitude correcta diante de Deus é, pois, a seguinte: por um lado, uma aceitação muito serena, muito «descontraída», de nós mesmos e das nossas enfermidades, e por outro, em simultâneo, um imenso desejo de santidade, uma forte determinação de progredir, baseados numa confiança ilimitada na força da graça divina.»

(Jacques Philippe, em "A Liberdade Interior")