terça-feira, 31 de agosto de 2010

PENSAR...

«Uma verdadeira amizade é como a fosforescência, resplandece melhor quando tudo escureceu.» (Rabindranath Tagore)

«O mal surge sempre quando o amor não é suficiente.» (Hermann Hess)

«O amor é mestre, mas é preciso saber adquiri-lo, porque se adquire dificilmente, ao preço de um esforço prolongado; é preciso amar, de facto, não por um instante, mas até ao fim.» (Dostoievksi)

«Protegei-me da sabedoria que não chora, da filosofia que não ri e da grandeza que não se inclina perante as crianças.» (Kahlil Gibran)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

QUE TEMOS FEITO COM AS NOSSAS VIDAS?

«Que temos feito com as nossas vidas?
Quantos de nós não traímos o que em verdade poderíamos ter sido? (...)

Sabemos que é pelo sucesso que nos medem e é pelo sucesso que nos medimos a nós próprios. Vivemos aterrorizados pela possibilidade de fracassar. Mas nem o medo podemos admitir, e dominar tornou-se a técnica para o afastar(...)
Assim nunca saberemos o que podemos suportar sem sermos derrotados.
A derrota é o pesadelo que nos ensombra os dias e as noites.

Continuamos a jogar os jogos que nos desgastam e, no fundo do coração, a acalentar o sonho do que poderíamos ter sido, transparentes e autênticos, se alguém nos tivesse querido tal qual éramos.
Mas não. E traímos aquilo que éramos, aquilo que íamos ser, aquilo que deveríamos ter sido, só para que nos quisessem, para que nos admirassem, para que nos amassem.
E perdemos a autonomia, esse estado de graça em que nos sentimos pacificados com os nossos sentimentos e necessidades, sem termos que provar nada a ninguém.

Que temos feito com as nossas vidas?
Temo-nos traído ou sentimo-nos fiéis a nós próprios? (Julgo que é mais do que uma mera pergunta retórica.)
Bom é saber que podemos recomeçar a qualquer momento.
Bom é saber que Aquele que incondicionalmente nos ama, todas as manhãs nos entrega em branco um dia, garantindo-nos que ainda temos hipóteses, que nada do que possamos ter feito nos condena irremediavelmente, que o exame se repete todos os dias, que há sempre um segunda chamada, que se chumbámos ontem, hoje podemos voltar a tentar.
Bom é saber desse Amor e rendermo-nos a ele.
»


Henrique Manuel, em "Mas Há Sinais..."

terça-feira, 24 de agosto de 2010

CAPACIDADE DE SOFRER

"Capacidade de sofrer, para mim, significa saber permanecer no sofrimento a fim de procurar o seu significado. Permanecer aí o tempo suficiente para poder descobrir quem se é verdadeiramente.(...)


Saber viver significa saber estar no sofrimento para aprender a sair dele. (...)

Poderá parecer-vos estranho, mas julgo que saber sofrer significa saber que o sofrimento faz parte da vida.
Por definição.
Irremediavelmente.
De forma inevitável.


Só esta sociedade competitiva nos leva a acreditar que a vida só o é verdadeiramente quando se vence, quando não se sofre. Tanto é assim, que quem não alcança algum tipo de êxito se sente frustrado, irrealizado, deprimido, não importante, não vivo.
Nos dias de hoje, a nossa identidade é construída sobre os êxitos que alcançamos, sobre aquilo que possuímos, sobre o dinheiro, o sexo, a glória; sobretudo, sobre a imagem que damos de nós mesmos. (...)



Para mim, os êxitos têm tanto valor como as derrotas.
Importante, vital, é dar-lhes sentido.
Se eu tiver um êxito, dar-lhe-ei sentido, se viver uma derrota, dar-lhe-ei sentido.
Eu existo porque sou.

Os êxitos e as derrotas são partes integrantes do meu caminho pessoal sobre a terra. Nada mais. São momentos úteis para compreender melhor o sentido da minha viagem terrena, para reduzir o meu apego ao mundo. »

Valerio Albisetti, em "Viagem da Vida"

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

AMOR INCONDICIONAL

«Trata-se de uma autêntica revolução interior: proceder de maneira a não me apoiar no amor que tenho a Deus, mas exclusivamente no amor que Deus me tem...
Quando já não acreditares no que podes fazer por Deus, continua a acreditar no que Deus pode fazer por ti...

Deus não me ama por causa do bem de que sou capaz, do amor que Lhe tenho, mas ama-me de uma maneira absolutamente incondicional, por causa de Si mesmo, da Sua misericórdia e da Sua infinita ternura, unicamente em virtude da Sua Paternidade para comigo.

Esta experiência produz um grande abalo na vida cristã, que vem a ser uma graça imensa: o fundamento da minha relação com Deus, da minha vida, não mais está em mim, mas total e exclusivamente em Deus.»

Jacques Philippe, em "A Liberdade Interior"

terça-feira, 17 de agosto de 2010

AMAR E DEIXAR-SE AMAR

«Uma das notas mais penosas do neurótico parece ser a ausência de gratuidade com que age. Tudo faz para amar e ser amado, menos amar e deixar-se amar gratuitamente.

No jogo do amor, parece temer, no fundo, sentir-se diminuído, tentando por isto sempre impor sua presença, infelizmente, problemática. Faz-se assim agente, centro e fim das relações amorosas que, por natureza, exigem correspondência livre e generosa.

Ah, que beleza se os neuróticos descobrissem a gratuidade do amor!


Os grandes mestres da Espiritualidade sempre detectaram, nas imperfeições do amor, um desejo impulsivo de dominação. Cobranças mesquinhas, controles descabidos, ciúmes ridículos, rudezas espantosas e desconfianças estapafúrdias não passam de atestados de uma doentia insegurança psicológica.

Amar não é dominar nem muito menos aprisionar.
O caminho do amor é uma aventura rica e dolorosa que vai aos poucos nos libertando das escórias do medo e do egoísmo.

Pe. neylor J. Tonin

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ABRIR-SE À FÉ

«É verdade que a fé é um dom de Deus, mas é necessário facilitar-lhe o caminho, abrimo-nos para recebê-la. (...)


A fé, segundo a minha acepção, é aquela «capacidade» que nos permite viver a realidade como qualquer coisa fora do nosso Eu, exterior a nós, à qual devemos respeito.

A fé, como lugar que nos faz sair do próprio Eu.

A fé diz-nos que já não podemos sentir-nos importantes e orgulhosos pelos nossos êxitos terrenos, mas por Deus. Por isso, se temos fé, não podemos orgulhar-nos daquilo que fazemos, mas daquilo que é feito por nós.

O acto de fé, na mimha opinião, é sair do nosso Eu para nos colocarmos noutro lugar, no lugar da transcendência, da espiritualidade, e não para nos empobrecer, e não para nos debilitar, mas para alcançar a harmonia e a consciência.

Para nos tornarmos adultos.

Só centrando-nos em Deus podemos estabelecer uma verdadeira harmonia connosco mesmos e com os outros.

Só assim podemos entrar em contacto com a parte mais profunda de nós, com o mistério da nossa existência.

Com a nossa verdadeira essência.

Com a nossa divindade. »

Valerio Albisetti, em "Viagem da Vida"

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A BONDADE IRRADIA

«Bondosa é a pessoa que tem boas intenções em relação a nós.
Dela irradia calor.
No seu olhar e nas palavras bondosas,
sente-se que o seu coração é bondoso,
que o bem toma conta dele.

A bondade irradia de uma alma que é boa em si,
que está em harmonia consigo mesma.
Quem sente a sua alma como boa também acredita na bondade alheia.
Como ele vê a bondade no outro,
ele também o tratará bem.
Por sua atitude bondosa, ele desperta o núcleo bom no outro.»

Anselm Grün, em "O Pequeno livro da verdadeira felicidade"

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

EXISTE PARA CADA UM DE NÓS...

Existe para cada um de nós
uma determinada hora
em que o conhecimento inconsolável
nos invade a alma e a despedaça.
É à luz dessa hora,
já chegada ou não,
que todos nós nos deveríamos falar, amar,
e se possível,
rir juntos.
Christian Bobin

terça-feira, 3 de agosto de 2010

LUGAR DE AMOR

Em todo o ser humano existe um recanto imaculado,
virgem, inexplorado, silencioso, profundo...
Em toda criatura permanece um mundo, santo e ignorado,
nunca antes penetrado, aguardando, enriquecido de ternura...

Há, no abismo de toda alma,
um rochedo, um lugar, uma ilha, um paraíso,
recanto de maravilha a ser descoberto...
Em todo coração se demora um espaço aberto para a aurora,
um campo imenso a ser trabalhado,
terra de Deus, lugar de sonho,
reduto para o futuro.

Em toda vida há lugar para vidas,
como em toda alegria paira uma suave melancolia prenunciadora de aflição.

Há, porém, um lugar em mim,
na ilha dos meus sentimentos não desvelados,
um abismo de espera,
um oceano de alegria,
um mundo de fantasia,
para brindar-Te, meu Senhor!

Vem, meu amado Rei e Senhor,
dominar a minha ansiedade,
conduzir-me pela estrada da redenção.
E toma posse deste estranho e solitário país,
reinando nele e o iluminando com as tuas claridades celestes,
para que, feliz, eu avance, até o desfalecer das forças,
no Teu serviço libertador.

Vem, meu Rei,
ao meu recanto e faz da minha vida um hino de serviço.
E por Ti uma perene canção de amor.

Rabindranath Tagore