domingo, 26 de maio de 2013

MORALISMOS

«Detesto o moralismo. Penso que o moralismo falseia o encontro connosco próprios e com a humanidade. O que acontece aos outros acontece a cada um de nós. Dizia o cristianíssimo Dostoievski: “Somos responsáveis por tudo perante todos.” 

O moralismo faz-nos criar os bodes expiatórios. O filósofo René Girard diz que a nossa sociedade tem um sistema vitimário. Colocamos num bode expiatório tudo o que não queremos ver em nós próprios. Então, como os antigos judeus faziam (colocavam num bode todos os pecados e mandavam-nos para o deserto), colocamos numa pessoa só (o maldito, o criminoso) todos os males, excluímos essa pessoa; e isso dá-nos um alívio muito grande. É o sistema do beco sem saída.» José Tolentino Mendonça

sábado, 25 de maio de 2013

ENQUANTO NÃO TIVER DADO A MINHA VIDA...


"Enquanto não tiver dado a minha vida, não poderei afirmar que os meus sonhos não se podem tornar realidade". Henri Le Boursicaud


Se desejarem conhecer um pouco da vida e obra do autor desta frase, podem visitar:

http://henrileboursicaud.blogspot.pt/


quarta-feira, 22 de maio de 2013

O AMOR É DE TODOS!



«Em qualquer cultura, língua, tradição ou religião, a Acção de quem ama é RevelAcção daquele Amor a quem alguns chamam "Deus". » 

Rui Santiago - https://twitter.com/ruisantiagocssr

domingo, 19 de maio de 2013

AS PESSOAS SENSÍVEIS



As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

“Ganharás o pão com o suor do teu rosto” Assim nos foi imposto
E não:
“Com o suor dos outros ganharás o pão”

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoais–lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem

Sophia de Mello Breyner Andresen

quinta-feira, 16 de maio de 2013

COISAS PEQUENAS




«Às vezes passam dias e dias e parece que nada acontece, ou que não somos visitados por nada, e isso tem a ver com o facto de não abrirmos o coração à música da alegria que nos visita.
Esperamos sempre Deus no máximo e esquecemo-nos de que ele nos visita no mínimo. Quando os monges budistas dizem que Deus está no grão de arroz, há nisso uma grande verdade. É no pequeno, até no insignificante, no mais quotidiano, que Deus nos visita» 

José Tolentino Mendonça

terça-feira, 14 de maio de 2013

A LUZ DO VERÃO




«Quem me dera voltar a ter os olhos dos meus cinco anos. 
A luz do Verão era tão grande – e agora é tão pequena. 
Cabe num bolso.» 

Gabriel Magalhães

sábado, 11 de maio de 2013

HÁ PESSOAS QUE NOS FAZEM VOAR



"Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um bruta susto. Primeiro, porque o vento começa a soprar dentro da gente, e lá, de cantos escondidos de nossas montanhas e florestas internas, aves selvagens começam a bater asas, e a gente não sabia que tais entidades mágicas moravam dentro de nós, e elas nos surpreendem, e nós nos descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltando, saltando de penhascos, pendurados numa asa-delta (acho que o nome disso é fé…)"
Rubem Alves

quinta-feira, 9 de maio de 2013

HÁ QUEM DIGA




“Há quem diga:
a vida é um palito de fósforo
escasso demais
para o milagre do fogo" 

José Tolentino Mendonça

terça-feira, 7 de maio de 2013

CAMINHO DA INOCÊNCIA


«A inocência não é o estádio antes. Antes da vida, antes da cultura, antes das decisões fundamentais. A inocência é uma descoberta, é um caminho, é uma decisão.
Tem a ver com a possibilidade de permanecer com o espanto a vida inteira, e com uma simplicidade que nos desarma.


O segredo, o mistério está na infância. Que é como quem diz: está nessa dimensão silenciosa, submersa, escondida que nós trazemos.
A infância interessa-me não como um território que deixei, e a que só em memória posso regressar, mas como projeto.»

José Tolentino de Mendonça

domingo, 5 de maio de 2013

HOMENS



Homens que são como lugares mal situados
Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens sem fuso horário
Homens agitados sem bússola onde repousem

Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos
Desempregados das suas vidas

Homens que são como a negação das estratégias
Que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas

Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são como sítios desviados
Do lugar

Daniel Faria

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O CÉU



«A mais espantosa das surpresas que nos espera no céu será a de não encontramos lá nada de novo.(...) 
Estou convencido de que o céu consistirá em reviver, numa plenitude de luz, os maravilhosos instantes da nossa existência terrena.»

Louis Evely

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O DESENCANTO E O VAZIO



«O desencanto é mais temível do que o desespero. 
O desencanto é um encolhimento do espírito, 
uma doença das artérias da inteligência que, gradualmente, se vão obstruindo, não deixando passar a luz.» 

Christian Bobin


«O vazio apodera-se da alma das pessoas nas quais a tristeza cresce ao mesmo tempo que o poder. O vazio é o esquecimento da infância, da alegria e do amor. O vazio é um dono que obedece a um dono mais forte: a ambição, o dinheiro e o ressentimento.» 

Christian Bobin