sábado, 29 de junho de 2013

INFÂNCIA



e jogava o pião com Deus
enquanto minha mãe estendia roupa
e o meu pai mendigava o pão

e minha alegria nesse tempo
era muito próxima da dos meninos
e de Deus que ganhava sempre

e não sei quem perdi primeiro:
o pião ou Deus
apenas sei que Deus continua
a jogar com outros meninos

e que no Outono quando saio à praça
nos sentamos e falamos muito
do suave rodopiar das folhas


Daniel Faria
In “Oxalida”

quinta-feira, 27 de junho de 2013

OLHA PARA OS TEUS OLHOS...

"(...)A maldade turva o olhar, não o dos outros, mas o nosso. 
Não é preciso ter em conta as consequências, é no próprio fazer que a culpa se mede. 

Olha para os teus olhos antes de olhares para os dos outros. 
O que os teus olhos vêem vem da luz que tens em ti (...)"

Pedro Paixão, em "Vida de Adulto"

terça-feira, 25 de junho de 2013

A FORÇA DA REVOLUÇÃO


Não se caminha quando não se acredita.
Não se estende a mão quando não se ama.
Não se muda quando nada se espera.

André Malraux foi claro: «A força da revolução é a esperança».

Não precisa de disparar tiros nem de gritar frases fortes.
A maior revolução é feita de paciência.
Não cuida apenas dos resultados. Nunca descuida as raízes nem desperdiça os alicerces.
A revolução da esperança está em marcha. Embora não pareça. Sobretudo porque não parece.

O essencial não se vê. Mas o essencial está a emergir!

Fonte: http://theosfera.blogs.sapo.pt/1379225.html

domingo, 23 de junho de 2013

COM OS MEUS AMIGOS


Com os meus amigos aprendi que o que dói às aves
Não é o serem atingidas, mas que,
Uma vez atingidas,
O caçador não repare na sua queda

Daniel Faria

sábado, 15 de junho de 2013

O ESSENCIAL

«Se abolíssemos o que não é essencial das várias religiões - disse Kahil Gibran -, viveríamos em união e partilharíamos fraternalmente uma grande fé e religião».

E o que é essencial?
Silêncio e fraternidade.
Silêncio para acolher o grande murmúrio que Deus faz ecoar no mundo.
E fraternidade para estender a mão àqueles que vão caindo nas estradas do tempo.

Se ficássemos só com o essencial, perderíamos muito. Mas ganharíamos tudo.
A totalidade não está nas parcelas. Está na alma.

A fé não pode ser rígida como a morte. 
A fé só pode ser leve (e refrescante) como a vida!

A rigidez em nome de Deus acaba por constituir uma enorme malfeitoria ao próprio Deus.

Pretender impor um único caminho para chegar a Deus significa não perceber que Ele mesmo percorre muitos caminhos para chegar até nós.

Kahil Gibran percebeu tudo: «Deus fez a Verdade com muitas portas, para receber todos os que a elas baterem»!



quinta-feira, 13 de junho de 2013

Tiago Bettencourt - «Campo»



Quis agarrar a ti o mar 
Quis agarrar a ti o Sol 
Quis que o mar fosse maior 
Quis que o mar tocasse o Sol 
Quis que a luz entrasse em nós 
inundasse o lado frio 
Quis agarrar a tua mão 
e descer o nosso rio

Quero agarrar a ti o céu 
Quero agarrar a ti o chão 
Quero que a chuva molhe o campo 
e que o campo seja teu 
Para que eu cresça outra vez 
Quero agarrar a ti raiz 
Quero agarrar a ti o corpo 
E eu quero ser feliz...


Se tens medo da dor 
Vem ver o que é o amor 
Se não sabes curar 

Vem ser o que é amar

Quero ver-te amanhecer.

Quis agarrar a ti o barco 
Quis agarrar a ti os remos 
que usamos nas marés 
quando as ondas são de ferro 
Quero agarrar a ti a luta 
Quero agarrar a ti a guerra 
Quero agarrar a ti a praia 
e o sabor de chegar a terra

Porque o mar tocou no Sol 
Inundou o lado frio 
Porque o Sol ficou em nós 
e desceu o nosso rio 
Por isso dá-me a tua mão 
Não largues sem querer 
Quero agarrar a ti o mar 
eu quero é viver.

Se tens medo da dor 
Vem ver o que é o amor 
Se não sabes curar 
Vem ser o que é amar

Quero ver-te amanhecer.

terça-feira, 11 de junho de 2013

UM GESTO DE AMOR




“A doçura de um fruto diz da bondade da árvore que o dá.
Um gesto de Amor diz da grandeza de uma Vida. “ 


José Frazão Correia

domingo, 9 de junho de 2013

EU SEGURO



Samuel Úria & Márcia  
"Eu Seguro"

«Quando o tempo for remendo,
Cada passo um poço fundo
E esta cama em que dormimos
For muralha em que acordamos,
Eu seguro
E o meu braço estende a mão que embala o muro.

Quando o espanto for de medo,
O esperado for do mundo
E não for domado o espinho 
Da carne que partilhamos,
Eu seguro.
O sustento é forte quando o intento é puro.

Quando o tempo eu for remindo,
Cada poço eu for tapando
E esta pedra em que dormimos
Já for rocha em que assentamos,
Eu seguro.
Deixo às pedras esse coração tão duro.

Quando o medo for saindo
E do mundo eu for sarando
Dessa herança eu faço o manto 
Em que ambos cicatrizamos 
EU seguro.
Não receio o velho agravo que suturo. 

Abraços rotos, lassos,
Por onde escapam nossos votos.
Abraso os ramos secos, 
Afago, a fogo, os embaraços
E seguro,
Alastro essa chama a cada canto escuro.

Quando o tempo for recobro,
Cada passo abraço forte
E o voto que concordámos
É o amor em que acordamos,
Eu seguro:
Finco os dedos e este fruto está maduro.

Quando o espanto for em dobro,
o esperado mais que a morte,
Quando o espinho já sarámos
No corpo que partilhamos,
Eu seguro.
O que então nascer não será prematuro.

Uníssonos no sono,
O mesmo turno e o mesmo dono,
Um leito e nenhum trono.
Mesmo que brote o desabono
Eu seguro,
Que o presente é uma semente do futuro.»


quinta-feira, 6 de junho de 2013

A GRAÇA DE CONFIAR QUE SE É AMADO


«O que de mais elementar está em jogo, desde o início, é a graça de confiar que se é amado. E a perdição, a dúvida de o ser.» 

(José Frazão, em "A Fé vive de afeto")

terça-feira, 4 de junho de 2013



«Esta é uma das mais estúpidas filosofias de vida que eu jamais ouvi, e não obstante é aquela que conduz toda a nossa civilização: trata-se da ideia de que o objectivo da vida é obter coisas no futuro que ainda não se possui, em vez de desfrutar as coisas que já se tem no presente.» (Peter Kreeft)

domingo, 2 de junho de 2013



«O que se faz de grande faz-se em silêncio» (Erik Geijer)

«É no coração que todo o homem ri, sofre, se perde ou se descobre. 
É nele que tudo nasce ou morre. 
É por dentro de nós que partem todos os caminhos.» 

(Henrique Manuel, em "Mas há sinais")