sábado, 31 de agosto de 2013

GUIADOS PELA PERGUNTA


Da ciência esperamos sobretudo respostas. Mas, se repararmos, a ciência obsequia-nos especialmente com perguntas.

Heidegger dizia que «a pergunta é a oração do pensamento». E Balzac notou que «a chave de todas as ciências é inegavelmente o ponto de interrogação».

Nunca deixe de perguntar. Mesmo depois de achar que encontrou as respostas que procurava.

A interrogação é a bússola do caminhante, o bastão do peregrino!

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

ABBÉ PIERRE: O MAIOR MAL É A PESSOA SENTIR-SE INÚTIL




Vale a pena ler na íntegra a entrevista com este homem extraordinário.
Partilho um trecho no qual é relatado o despontar de uma grande aventura de generosidade, solidariedade, comunhão e amizade.

«O pior, o maior mal é que a pessoa se sinta inútil, supérflua na humanidade. Essa é a pior pobreza, sentir que se está a mais, que ninguém tem necessidade de si (...)

Um dia – foi quando tudo começou – chamaram-me por causa de um homem que tinha tentado suicidar-se. Não morrera e contou-me a sua vida. Quando tinha 20 anos, num drama familiar, matara o pai e fora condenado a prisão perpétua e enviado para a Guiana. Depois de 20 anos foi libertado e, quando voltou, viu a sua mulher viver com outro e com outros filhos. Desesperado, quis matar-se.

Quando ele me contou a sua vida, eu disse-lhe: “George, tudo isso é terrível, mas eu não posso fazer nada. Sou deputado mas todo o meu dinheiro foi gasto e tenho dívidas por causa de famílias com crianças que vivem em caves e em condições insuportáveis”.

E disse-lhe: “Eu não te posso dar nada, porque tenho dívidas. Mas tu, uma vez que queres morrer, não tens nada que te embarace. Antes de te matares, não queres ajudar-me a acabar algumas destas casas para essas mães que choram?”

Não foi dizer ao desgraçado “toma, que eu dou-te”, mas dizer-lhe “outros precisam de ti”. Ele repetiu-me, quando morreu 15 anos mais tarde: “Mesmo que me tivessem dado trabalho, dinheiro, uma casa, eu teria recomeçado o suicídio. Mas pedindo-me que trabalhasse consigo, em conjunto, e em favor de outros, reencontrei a razão de viver: amar, sofrer para que os outros sofram menos”.

Podem ler a entrevista completa em:http://www.snpcultura.org/abbe_pierre_o_maior_mal_e_pessoa_sentir_se_inutil.html

segunda-feira, 26 de agosto de 2013


"Fé não é o apego a um  santuário, mas uma peregrinação infindável do coração. 
Espera audaciosa, cânticos ardentes, planos ousados, um ímpeto inundando o coração, invadindo a mente – tudo isso é o impulso que nos leva (a amar aquele) que toca o nosso coração com um sino".
Abraham Heschel

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

MÚSICA SUBMERSA




Não quero ser o grande rio caudaloso
Que figura nos mapas.
Quero ser o cristalino fio d’água
Que canta e murmura
Na mata silenciosa.

Helena Kolody

sábado, 10 de agosto de 2013


A chuva coloca no bico dos pássaros
um guizo d’água.

A tarde levanta da verde folhagem
uma espuma de aroma.

Uma vida, quase a teus pés, dirige-te
um terno pensamento.

Oh, as pequenas coisas supérfluas
extraviadas no mundo.

Quem ouve? quem vê? quem entende?

Cecília Meireles
In: Poesia Completa
Dispersos



quinta-feira, 8 de agosto de 2013

MENSAGEM A UM DESCONHECIDO


Teu bom pensamento longínquo me emociona.
Tu, que apenas me leste,
acreditaste em mim, e me entendeste profundamente.

Isso me consola dos que me viram,
a quem mostrei toda a minha alma,
e continuaram ignorantes de tudo que sou,
como se nunca me tivessem encontrado.

Cecília Meireles
In: Poesia Completa

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O ESSENCIAL E O VERDADEIRO





"Depois de todas as tempestades e naufrágios,
o que fica de mim em mim é cada vez mais
essencial e verdadeiro."

Caio Fernando Abreu,
in "Ovelhas Negras

sábado, 3 de agosto de 2013

A VOCAÇÃO DA LAGARTA



Lagarta que se preze não se contenta com crescer, engordar e ficar uma “senhora lagarta”!
É que, a lagarta traz dentro de si uma vocação muito maior que isso, maior do que ela mesma - deixar-se morrer naquilo que é, para se transformar naquilo que está vocacionada  a ser -BORBOLETA!

Também o grão de trigo, se não morrer naquilo que é - simples grão de trigo - como poderá vir a ser espiga e seara, farinha, pão e fome saciada?
Olhando a própria Natureza, descubro que, crescer nem sempre é aumentar peso ou altura - crescer é, essencialmente, transformar-me e deixar-me transformar, num compromisso salvador e fecundo…

Cresço quando aceito com gratidão os dias que me são oferecidos e os vivo em “modo” de transformação, em permanente passagem, em Páscoa, morrendo naquilo que sou - fraca, medrosa, cabeça no ar, egoísta, numa palavra, desHumana, até que seja transformada naquilo que sou chamada a ser e, acredito, estou, estamos todos, vocacionados a viver como genteHUMANA, gente SALVAREDIMIDA, gente DIVINIZADA, ALEGRE e GRATAem Jesus de Nazaré!
 
NEle, nesse Jesus Nazareno, entre Deus e o Homem “qualquer distância tem o seu caminho andado e destruído…” (M. Torga)

Glória Marques

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

SEM O AMOR...

"O Pai que perdoa", Frank Wesley, 1998, pintura em bloco de madeira impressa em papel de seda, Índia.

“Sem o amor, tão difícil de praticar, a vida se reduz a um combate incessante para possuir e se defender dos outros” (Anthony Burgess).

“Amar, é se esvaziar de si, ser pobre de si, fazer de si um espaço em que cada um possa respirar a sua vida” (Maurice Zundel).