quarta-feira, 27 de maio de 2015

A VISITA DE DEUS



«Às vezes passam dias e dias e parece que nada acontece, ou que não somos visitados por nada, e isso tem a ver com o facto de não abrirmos o coração à música da alegria que nos visita.
Esperamos sempre Deus no máximo e esquecemo-nos de que ele nos visita no mínimo. Quando os monges budistas dizem que Deus está no grão de arroz, há nisso uma grande verdade. É no pequeno, até no insignificante, no mais quotidiano, que Deus nos visita.»

José Tolentino Mendonça

sábado, 23 de maio de 2015


Que nos tornemos ternura que age
porque só pelo dom que fazemos
conhecemos o dom que somos


José Augusto Mourão

quinta-feira, 21 de maio de 2015


«Mulher, ó mulher, pudesse eu recomeçar este mundo, inventaria de criar-te primeiro, e somente depois retiraria Adão de tuas costelas.«

(RT Fábio de Melo @pefabiodemelo)

segunda-feira, 18 de maio de 2015

CALLE PRINCIPE, 25


Perdemos repentinamente
a profundidade dos campos
os enigmas singulares
a claridade que juramos
a conservar
mas levamos anos
a esquecer alguém
que nos olhou apenas


José Tolentino Mendonça, in Baldios(1999)

segunda-feira, 11 de maio de 2015


Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura.


Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, 8 de maio de 2015

NÃO HÁ MAIOR RIQUEZA


«Não há maior riqueza que possamos receber do que termos aprendido a dar-nos...
Fazemo-nos enquanto pessoas, na medida em que nos damos e recebemos dos outros. A aprendizagem de ser gente é uma pedagogia das relações.»

quarta-feira, 6 de maio de 2015

DESASSOSSEGOS

«Não escrevo para agradar nem para desagradar. Escrevo para desassossegar. É um título que gostaria de ter inventado e foi inventado por Fernando Pessoa - Livro do Desassossego. Gostaria que todos os meus livros fossem considerados livros para o desassossego.»

José Saramago

domingo, 3 de maio de 2015

CRISTAIS TRESPASSADOS

«E é por isso que, no fundo, não tenho por mim mesma mais do que um interesse limitado. Tenho a impressão de ser um instrumento através do qual passaram correntes, vibrações. Isto é válido para todos os meus livros e direi mesmo que para toda a minha vida. Talvez para todas as vidas; e os melhores de nós talvez não sejam, também eles, mais que cristais trespassados. 
Assim, a propósito dos meus amigos, vivos ou mortos, repito-me muitas vezes a frase admirável que me disseram ser de Saint-Martin, “o filósofo desconhecido” do século XVIII, tão desconhecido de mim que nunca li uma linha dele e nunca verifiquei a citação: “Há seres através dos quais Deus me amou.” Tudo vem de mais longe e vai mais longe que nós. Por outras palavras, tudo nos ultrapassa e sentimo-nos humildes e maravilhados por termos sido assim trespassados e ultrapassados.»

Marguerite Yourcenar, in De Olhos Abertos