terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Amor e Liberdade

Não se pode ter liberdade e coerção ao mesmo tempo. Ninguém pode sujeitar o ser que ama com o intuito de conquistar os seus afetos. O ser amado precisa sentir-se livre para mudar, rejeitar ou sumir; e eu que lhe ofereço a minha afectividade, sofrerei pelas suas escolhas. Também, quanto maior o amor, maior a possibilidade de dor. Quem ama com amor infinito corre o risco de sofrer uma dor infinita.

Juan Luis Segundo afirmou:"... significa também que a pessoa amada, permanece livre para mudar, para rejeitar-me e infringir-me, assim, a maior dor que posso experimentar. De facto, amar é oferecer-se desprotegido (segundo frase de Freud) à dor".

Que quer, então, verdadeiramente, a pessoa que acredita poder exigir de Deus uma criação onde o amor seja infalivelmente feliz? Pretende um amor sem dom de si, isto é, um não amor, um egoísmo onde a pessoa a quem digo amar se converte em instrumento determinado e cego, sem capacidade de expressar livremente seu ser.
O amor infalível não é amor. A dor é a outra face do dom de si mesmo, sem reservas, gratuito, como é todo o amor verdadeiro".
Assim, o Deus que não se vulnerabilizou à possibilidade de ser rejeitado, não ama. E o Deus incapaz de amar não é o Deus bíblico.


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