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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

NAS MÃOS DE DEUS

Quando falham todas as seguranças,
quando todos os apoios humanos foram derrubados
e desapareceram os atavios e as vestes,
o homem, desnudo e livre, quase contrafeito,
encontra-se nas mãos de Deus.
Um homem desnudo é um homem entregue,
como essas aves desplumadas que se sentem exultantes nas mãos cálidas do Pai.

Quando não se tem nada, Deus transforma-se em tudo.


Ignacio Larrañaga, em "O Sentido da Vida"

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A EVASÃO

«Os que sempre se movem à superfície jamais suspeitarão dos prodígios ocultos nas raízes.
A tentação do homem - hoje mais do que nunca - é a superficialidade, ou seja, viver na periferia de si mesmo. Em vez de se confrontar com o seu próprio mistério, muitos preferem fechar os olhos, estugar o passo, escapar de si mesmos e procurar refúgio nas diversões e distracções.(...)

É mais agradável, e sobretudo mais fácil, a dispersão do que a concentração; eis então o homem nas asas da dispersão, eterno fugitivo de si mesmo, procurando qualquer refúgio desde que possa escapar do seu próprio mistério e problema. A nossa crise moderna é a crise da evasão.»

Ignacio Larrañaga, em "O sentido da vida"

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A VERDADEIRA LIBERTAÇÃO

Organizar um exército, respondeu Jesus, é tarefa relativamente fácil.
Eu não vim para aniquilar os romanos,
mas para trazer outra libertação: vim para sujeitar os demónios do coração,
para transformar o ódio em amor e a vingança em perdão,
para pôr em debandada as legiões do egoísmo,
para pagar o mal com o bem e amar o inimigo,
para conquistar os impossíveis e alcançar uma estrela com a mão.

Quando tiver culminado esta libertação,
já não será possível no mundo o domínio de uns sobre os outros.

Ignacio Larrañaga

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Para entrar no Reino...

Para entrar no Reino,
o homem tem de começar por derrubar,
golpe a golpe, a estátua de si mesmo,
renunciar aos próprios delírios e fantasias,
despir-se de vestimentas artificiais
e arrancar máscaras postiças,
aceitar com naturalidade a própria contingência e precaridade,
e apresentar-se frente a Deus como uma criança,
como um pobre e um indigente.

Ignacio Larrañaga

quinta-feira, 11 de junho de 2009


Quando o coração é luz,

tudo se veste de luz.

Dos altos cumes não descem águas turvas,

mas transparentes


Ignacio Larrañaga

quarta-feira, 10 de junho de 2009


Tu és a minha rocha e a minha âncora.
Em ti estão mergulhadas as minhas raízes.
Em teus mananciais beberemos águas de vida eterna.
Em teus braços, cálidos e poderosos,
dormiremos enquanto durar a tempestade.
Tu encherás de luz os nossos horizontes,
de segurança os nossos passos,
de sentido os nossos dias.
Tu serás o farol e a estrela,
a bússola e a âncora,
durante a travessia da nossa vida.

Ignacio Larrañaga

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O AMOR TEM UM NOME...


O amor tem um nome concreto,

uma figura determinada

e uma história apaixonante:

Jesus Cristo na cruz, entregando a vida pelos amigos.
(Ignacio Larrañaga, em "O Sentido da Vida")

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A REVOLUÇÃO DE JESUS CRISTO

Derrubar as muralhas do egoísmo,
criar um coração novo,
mudar os motivos e critérios do homem,
trabalhar pelos outros
com o mesmo interesse com que trabalharia para mim mesmo,
despreocupar-me de mim mesmo para me preocupar com os outros,
adquirir a capacidade de perdoar e compreender...
Tudo isso é tarefa de séculos e milénios.
É essa a grande revolução de Jesus Cristo.

Ignacio Larrañaga, em "O Sentido da Vida"

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A TIRANIA DO «EU» (2ª PARTE)

Como libertar-nos dessa tirania? Quando o homem deixa de se referir a essa imagem ilusória nasce a tranquilidade mental. A libertação consiste, pois, em esvaziar-se de si mesmo, tomar consciência e convencer-se de que esse «eu» é uma mentira, uma sombra.

Logo que o homem deixa de se referir ou de se apegar a esse «eu», apagam-se os medos, as angústias e as obsessões, que são chamas vivas. E, apagadas as chamas, nasce o descanso, da mesma forma que, consumido o óleo da lâmpada, se apaga o fogo. Morre o «eu» e nasce a liberdade.

Desprendido de si e das suas coisas, e libertado das amarras do «eu», o coração pobre e humilde entra no seio profundo da liberdade. E, a partir daí, começa a viver livre de todo o medo, na estabilidade emocional de quem está acima de qualquer mudança.

O coração pobre e humilde, libertado já da obsessão da sua imagem («eu»), não se preocupa com o que pensem ou digam dele, e vive, silencioso, numa agradável interioridade. Movimenta-se no mundo das coisas e acontecimentos, mas a sua morada está no reino da serenidade.
Não precisa de defender nada, porque nada possui. Não ameaça ninguém e por ninguém se sente ameaçado.

Ignacio Larrañaga, em "A Rosa e o Fogo"

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A TIRANA DO «EU» (1ª PARTE)

O «eu» é uma ilusão, uma ficção que nos seduz, uma mentira que exerce sobre o homem uma tirania cruel: está triste porque a sua imagem perdeu o brilho.
Parece abatido porque a sua popularidade caiu. Vai caindo na depressão porque o seu prestígio se despedaçou. O seu «eu» (identidade pessoal) permanece inalterável. É sua imagem («eu») que sobe ou desce. E, no vaivém dos aplausos ou vaias, sobem e descem as suas euforias e depressões. Como se vê, o «eu» rouba ao homem a paz e a alegria.

Vive obcecado por ficar bem, por causar boa impressão; está sempre ansioso em saber o que pensam dele, o que dizem dele, e, nos ziguezagues desses altos e baixos, o homem sofre, teme, emociona-se.
A vaidade e o egoísmo amarram o homem a uma dolorosa e inquietante existência.

Pior ainda: o «eu» coloca o homem num campo de batalha. Ataca e fere os que brilham mais do que ele no fragor das invejas, vinganças e rixas, que são as armas com que defende a sua imagem. E assim nascem as guerras fratricidas, desencadeadas em nome de uma mentira, de uma louca quimera, de um fogo-fátuo.

Ignacio Larrañaga, em "A Rosa e o Fogo"

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

CRER


«Crer é confiar. Crer é permitir. Crer, principalmente, é aderir, entregar-se, numa palavra, crer é amar. (...)

Crer é «caminhar na presença de Deus» (Gn 17, 1). A fé é, ao mesmo tempo, um acto e uma atitude que agarra, envolve e penetra tudo o que a pessoa humana é: a sua confiança, a sua fidelidade, o seu assentimento intelectual e a sua adesão emocional. Compromete a história inteira de uma pessoa: com os seus critérios, atitudes, conduta geral e inspiração vital. (...)» (Ignacio Larrañaga, em "O Silêncio de Maria")