assim anda entre nós. Atravessa as ruas
vai no movimento, o mundo é tão brilhante
que na verdade cega. Assim recolhe as provas
acerca de não vermos. Buscamos só imagens
que desprendem mais imagens, leques de escondermos
a nossa própria face - e assim anda entre nós
guardando o que perdemos, o que recusamos.
Passa entre ruídos, pára em velocidades
confirma a inversão das luzes e dos séculos.
Silencioso, último, sem préstimo, obscuro
aí vem, com seu sorriso, a face arcaica: o Deus
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Carlos Poças Falcão [poema sem título, de 1951], in Verbo. Deus como interrogação na poesia portuguesa
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