Hoje, quero partilhar convosco um texto de um escritor que admiro imenso. É um texto retirado de um livro maravilhoso que aconselho vivamente: "O Regresso do Filho Pródigo". Este trecho que escolhi reflecte em parte o que tem sido a minha busca e experiência de Deus. Mas, o que eu considero mais importante neste trecho é o facto de que "Deus é o Pai que anda em busca dos filhos, vela por eles, corre ao seu encontro, os abraça, roga, suplica e anima a que voltem para casa. Por estranho que pareça, Deus deseja encontrar-me tanto, se não mais, do que eu desejo encontrar Deus. Sim, Deus reclama-me tanto como eu a Ele.".
Mas, Deus não se impõe, não pressiona, não oprime. Bem a propósito são as palavras de outro autor cristão que muito estimo: "Deus respeita de modo absoluto a liberdade do ser humano. Ele a criou, e não foi para petrificá-la, ou violentá-la. É por isso que ele jamais grita, nem impõe. Ele sugere, propõe, convida. Ele não diz "Eu quero", mas "Se tu quiseres ... " Expressões como "os mandamentos de Deus" ou "a vontade de Deus" devem, assim, ser tomadas com cuidado, e compreendidas segundo o amor. Deus não repreende: ele deixa esse cuidado à nossa consciência. "Ele é maior que o nosso coração", diz São João na sua primeira carta. Ele fica escondido para não se tornar irresistível.. A sua invisibilidade é uma forma de pudor". - François Varillon
«Ao longo de toda a minha vida tenho lutado por encontrar Deus, por conhecer Deus, por amar a Deus; procurei seguir as directrizes da vida espiritual - orar constantemente, trabalhar pelos outros, ler as Escrituras - e evitei muitas tentações de arranjar desculpas. Falhei muitas vezes, mas voltei sempre a tentar, mesmo quando estive à beira do desespero. Agora pergunto se durante todo este tempo tive ou não suficiente consciência de que Deus andou a procurar encontrar-me, conhecer-me e amar-me.
A questão não é «Como hei-de encontrar Deus?», mas: «Como hei-de deixar que Deus me encontre?». A questão não é «Como posso conhecer Deus?» , mas: «Como posso deixar que Deus me conheça?». Finalmente, a questão não é: «Como vou amar a Deus?», mas: «Como vou deixar-me amar por Deus?».
Deus anda por longe à minha procura, tratando de me encontrar e desejando levar-me para casa. Nas três parábolas em que Jesus responde à pergunta: porque come com os pecadores? , põe a tónica na iniciativa de Deus. Deus é o pastor que vai à procura da ovelha perdida. Deus é a mulher que acende uma candeia, varre a casa e procura por todo o lado até encontrar a moeda perdida. Deus é o Pai que anda em busca dos filhos, vela por eles, corre ao seu encontro, os abraça, roga, suplica e anima a que voltem para casa. Por estranho que pareça, Deus deseja encontrar-me tanto, se não mais, do que eu desejo encontrar Deus. Sim, Deus reclama-me tanto como eu a Ele. Deus não é o patriarca que fica em casa, imóvel, à espera que os filhos voltem para ao pé dele, à espera que peçam desculpa pelo seu comportamento, que peçam perdão e prometam emendar-se. Pelo contrário, abandona a casa sem fazer caso da sua dignidade, corre à procura deles, não quer saber de desculpas e promessas de emenda, e condu-los à mesa magnificamente preparada.»
Henri Nouwen, em "O Regresso do Filho Pródigo"
2 comentários:
É isso aí Paulo !! é isso aí !
abraços
Obrigada Paulo por este texto
maravilhoso.
Ainda não li este livro do Henri Nouwen (que conheci por teu intermédio), mas revela bem a
""Ternura de DEUS"" para connosco.
Um abraço Lia
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