sexta-feira, 18 de dezembro de 2015


«Caminhava pelo parque Verrerie, dando o braço direito à minha mãe, quando ao meu lado esquerdo vi, a vibrar rente à relva, uma borboleta cujas asas violeta pareciam o fragmento de uma carta caída de um céu místico.
A minha mãe, exausta, subia tão lentamente a ladeira que pude, durante vários minutos, exercer com igual atenção as duas atividades que abarcam toda a minha vida e que nunca posso exercer em simultâneo: estar presente, junto daqueles que amo, e ausentar-me na leitura de um texto, escrito nesse dia com tinta violeta e vibrante de verdade insustentável.»
Christian Bobin, in "Ressuscitar"

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