O poeta beija tudo, graças a Deus...
E aprende com as coisas a sua lição de sinceridade...
E diz assim: "É preciso saber olhar..."
E pode ser, em qualquer idade, ingénuo como as crianças,
entusiasta como os adolescentes e profundo como os homens feitos...
E levanta uma pedra escura e áspera
para mostrar uma flor que está por detrás...
E perde tempo (ganha tempo...) a namorar uma ovelha...
E comove-se com coisas de nada: um pássaro que canta,
uma mulher bonita que passou, uma menina que lhe sorriu,
um pai que olhou desvanecido para o filho pequenino,
um bocadinho de sol depois de um dia chuvoso...
E acha que tudo é importante...
E pega no braço dos homens que estavam tristes
e vai passear com eles para o jardim...
E reparou que os homens estavam tristes...
E escreveu uns versos que começam desta maneira:
“O segredo é amar...”
Sebastião da Gama (1924-1952)
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