terça-feira, 27 de setembro de 2011

SABER ENVELHECER





«Quando saí do centro de reeducação, trazia a criança nos braços. Cruzei-me com uma velha numa cadeira de rodas. O seu olhar iluminou-se ao ver o bebé. Inclinei-me para lho apresentar. Os dois fitaram-se um instante - o que ainda não pertencia plenamente ao mundo, e a que já lhe não pertencia completamente-.
A mulher tinha uma cara maravilhosamente enrugada, semelhante à casca de uma árvore secular. Perante a perfeição destas duas presenças, eu não conseguia compreender porque quer esta sociedade a todo o preço que permaneçamos jovens, afastados das luzes do nascimento e da velhice, cravados no meio delas.» 



Christian Bobin, em "Ressuscitar"

1 comentário:

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa tarde.

É mesmo.
Ninguém aceita mais, a velhice como consequência de ter vencido a morte... De estar vivendo muito.

Estou lhe seguindo.
Maria Auxiliadora (Amapola)

Beijos.