«Se nos recusarmos a perdoar algum mal de que fomos vítimas, não fazemos senão juntar um mal a outro mal, e não resolvemos nada com isso. Aumentamos a quantidade de mal que há no mundo, e já há que chegue! Não sejamos cúmplices da propagação do mal.
Como S. Paulo nos recomenda, «não nos deixemos vencer pelo mal, mas vençamos o mal com o bem». (Rm 12, 21)
O que torna o perdão às vezes tão difícil, é pensarmos, mais ou menos conscientemente, que perdoar a tal pessoa que nos fez sofrer, significaria proceder como se ela nada tivesse feito de mal; isso seria chamar «bem» ao mal, caucionar uma injustiça, e não podemos aceitá-lo.
Perdoar significa o seguinte: esta pessoa fez-me mal, todavia eu não quero condená-la, identificá-la com o seu erro, nem fazer justiça pelas minhas próprias mãos. Entrego a Deus, o único que «conhece profundamente os pensamentos e corações» e que «julga com justiça», o cuidado de avaliar os seus actos e de fazer justiça, não quero ser eu a encarregar-me dessa tarefa sumamente difícil de delicada que só a Deus compete.
Além disso, não quero emitir, sobre aquele que me feriu, um julgamento definitivo e sem recurso, mas continuo a poisar sobre ele um olhar de esperança, acredito que ele pode evoluir e mudar numa ou noutra coisa, continuo a querer-lhe bem.»
Jacques Philippe, em "A Liberdade Interior"
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