domingo, 30 de março de 2014

sexta-feira, 28 de março de 2014

«ESCUTO-ME A VIVER E É UM SOM MARAVILHOSO»


No livro "A cor dos dias",António Alçada Baptista partilha pequenas histórias, reflexões e crónicas. Memórias e peregrinações por épocas, lugares e culturas. Uma prosa deliciosa, cheia de humor, sabedoria, aventura e personagens cativantes.

Numa das suas crónicas, fala-nos de Alain Gerbault, «um rapaz de boas famílias a quem uma aguda consciência do erro civilizacional em que estamos metidos e a necessidade de viver uma grande liberdade fez sair daqui».
«Em 1914, no início da Primeira Guerra Mundial, Alain é mobilizado e vai para a aviação. No meio da guerra, sente a paisagem de desolação e morte.» É nesse terrível contexto de guerra sangrenta e cruel que nasce o sonho de navegar livremente pelos mares do sul. Combina com dois companheiros a partida. Entretanto, os companheiros morrem na guerra. Depois da guerra, regressou à Faculdade mas, três meses depois, decide procurar o seu barco. Descobre-o em Inglaterra: um veleiro de 11 metros, sem motor.
Em 25 de Abril de 1923, começou a sua volta ao mundo.

Certo dia, um jornalista peguntou-lhe: «O que faz o senhor quando está só?» 

Ele disse: «Escuto-me a viver e é um som maravilhoso.»

quinta-feira, 27 de março de 2014

A BELEZA DA ESPERANÇA


«O belo é aquilo que podemos ser. 
E a esperança é nada mais que a fidelidade a essa possibilidade que dorme silenciosa em todos.» 

Rubem Alves

quarta-feira, 26 de março de 2014

segunda-feira, 24 de março de 2014


"Espiritualidade tem a ver com "prestar atenção" à vida, cultivar um coração sensível e a capacidade de se comover com o belo e o trágico." 
Márcio Cardoso

"Uma má religião torna-nos insensíveis, incapazes de vida corporal. O culto do verdadeiro Deus faz-nos corporeamente vivos, palpando, saboreando, cheirando, vendo e ouvindo.»

Timothy Radcliffe, em "Ser Cristão para quê?"

domingo, 23 de março de 2014

sábado, 22 de março de 2014

quinta-feira, 20 de março de 2014

UM DIZER AINDA PURO

Foto: Elena Shumilova


imagino que sobre nós virá um céu
de espuma e que, de sol em sol,
uma nova língua nos fará dizer
o que a poeira da nossa boca adiada
soterrou já para lá da mão possível
onde cinzentos abandonamos a flor. 

dizes: põe nos meus os teus dedos
e passemos os séculos sem rosto,
apaguemos de nossas casas o barulho
do tempo que ardeu sem luz.
sim, cria comigo esse silêncio
que nos faz nus e em nós acende
o lume das árvores de fruto. 

diz-me que há ainda versos por escrever,
que sobra no mundo um dizer ainda puro. 

Vasco Gato

terça-feira, 18 de março de 2014

7º ANIVERSÁRIO


Faz hoje 7 anos que o blog começou a dar os primeiros passos.
Ao longo destes 7 anos de existência, ele cresceu e tornou-se mais "sábio", mais maduro e, sobretudo, mais consciente do significado e do impacto que algumas das partilhas têm na vida das pessoas 

Agradeço a todos os que por aqui passam, comentam e compartilham o que vai sendo partilhado. Espero continuar a contar com a vossa "presença" neste cantinho.

Para mim, é uma espécie de vocação, que procuro cumprir com fé, amor, esperança, entrega, dedicação e com muito coração.

Que Deus me ajude e abençoe com o maravilhoso dom de saber tocar os vossos corações com palavras de sabedoria, esperança, fé e amor.

Faz sentido relembrar uma das primeiras partilhas que fiz, precisamente no dia 18 de Março de 2007:

"Ainda que os teus passos pareçam inúteis, vai abrindo caminhos, como a água que desce cantando da montanha. Outros te seguirão..." -Saint-Exupéry






sábado, 15 de março de 2014

NÃO HÁ NADA ESCONDIDO


«Não há nada escondido, está tudo aqui à nossa vista, a vida passada, a vida presente e a vida futura, como três menininhas a rir e a trocar confidências por um caminho campestre.»

Christian Bobin, em "Ressuscitar"

segunda-feira, 10 de março de 2014

UM DIA...


«Um dia saímos do paraíso e vemos o que é o mundo: um palácio para os mentirosos, um deserto para os puros». 

Christian Bobin

sábado, 8 de março de 2014

SOBRE DEUS, OS HOMENS E A LOUCURA


«No hospital psiquiátrico onde eu trabalhava, perto de Besançon, um doente veio ter comigo no primeiro dia, de braços abertos, dizendo-me: "Reconheço-o, você é Deus." Desatei a rir e respondi negativamente pedindo desculpa por o desiludir. Riu por sua vez. Nos dias seguintes, quando nos cruzámos nos corredores, falávamos com o mesmo entusiasmo desse Deus de que ele tinha ouvido dizer tanto bem e que não encontrava em parte alguma.
Eu gostava de ver este homem tal como os seus companheiros de infortúnio. Só me sentia perturbado nos minutos que precediam o meu dia de trabalho, quando ouvia os enfermeiros, na sua sala, falar de mulheres, carros e dinheiro. O vazio das conversas deles parecia-me mais insondável que a loucura dos doentes.
Uma manhã, um médico chamou-me à parte, como quem ralha a uma criança sem a querer humilhar, e sugeriu-me que pusesse um pouco mais de distância entre mim e os doentes. Não é na verdade feito para este trabalho, disse-me ele a sorrir. Não estava errado, embora expulsar a loucura do coração de um homem seja mais um dom do que um trabalho.
Fui-me embora pouco depois, não sem cumprimentar uma última vez aquele que se afadigava de manhã à noite a procurar Deus no primeiro que chegasse. Quem sabe, talvez um dia o tenha encontrado.»

Christian Bobin, em "Ressuscitar"

quinta-feira, 6 de março de 2014

SILÊNCIO



Para caminhar sobre
a delicada ponte que leva
aos olhos do outro,
todo silêncio é pouco.

Para ouvir a música
que se desprende
de todas as coisas belas,
todo silêncio é pouco.

Para sentir na pele
o veludo de um jardim,
quando a noite
envolve o mundo em sua
rede de estrelas,
todo silêncio é ouro...

Para entender,
palavra por palavra,
a voz que vem do coração,
todo o silêncio.

terça-feira, 4 de março de 2014



Silêncio: 

encontrámos na encosta 
flores ainda sem nome 

José Tolentino Mendonça, em "A Papoila e o Monge"

domingo, 2 de março de 2014

UM AMOR VIVO


"Quando um sentimento de inferioridade nos atormentar, podemos com surpresa fazer esta descoberta: o que nos abre à plenitude não são os dons prestigiosos e, menos ainda, as grandes facilidades, mas sim um amor vivo." 

Irmão Roger, de Taizé, em "Viver em tudo a Paz do Coração"