domingo, 31 de agosto de 2008

TRILHA RUMO À VIDA

«Os pais nem sempre nos deram aquilo de que precisaríamos. Mas, mesmo assim, devemos parar de lhes censurar isso. Devemos lhes agradecer pelo que realmente nos deram de positivo. Também nos foi possível ganhar coisas deles. Eles são as raízes das quais vivemos hoje. Sem elas nossa árvore da vida seca.


Para que aceitemos o que os nossos pais nos deram e tornemos isso frutífero para a nossa vida, é importante compreendê-los em sua limitação e em sua própria história. Quando os compreendemos, não os condenamos. Vemos os pais envolvidos em sua própria história familiar. Podemos deixar com eles o que eles não nos deram e nos feriram, sem passar a vida toda censurando-os por isso.


Quem sempre responsabiliza os pais por seu destino e nega a própria responsabilidade por sua vida, nunca encontrará a sua forma externa e interna, nunca descobrirá a trilha que o conduz à vida.» (Anselm Grün, em "O Pequeno livro da verdadeira felicidade")

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

TOCAR AS NOSSAS FERIDAS (2ª parte)

"Uma só coisa é importante:
que sejamos verdadeiros, que escapemos às mentiras, às ilusões, ao jogo de aparências
e mesmo aos sonhos e às teorias que nos fecham num mundo ilusório
em que somos cortados da nossa realidade profunda.

Na medida em que aceitamos as nossas feridas,
entramos no caminho da unidade;
na medida em que recusamos olhar de frente a nossa verdade,
mantemos uma fissura no interior de nós próprios.


Assim que aceitamos essa parte de nós próprios que recusávamos olhar,
que recusávamos reconhecer,
que recusávamos admitir,
a unidade começa a fazer-se no nosso interior,
e é da unidade que jorra a fecundidade.


Para sermos homens e mulheres fecundos,
é preciso que vivamos na verdade,
é preciso que encontremos a unidade no nosso interior.
Não se trata de negar as nossas feridas mas de as acolher,
de descobrir que Deus está presente nelas."

(Jean Vanier, em "A Fonte das Lágrimas")

domingo, 24 de agosto de 2008

TOCAR AS NOSSAS FERIDAS (1ª parte)

«O grande perigo para cada um de nós é o de viver na ilusão em relação a si próprio.
É-se frequentemente bastante clarividente para julgar os outros,
mas para nós próprios é muito mais difícil,
julgamo-nos maravilhosos ou abomináveis,
exaltamo-nos ou denegrimo-nos,
mas temos a maior das dificuldades em vermo-nos tal como somos.


Há muitas vezes em nós coisas que não queremos ver, que negamos,
um alcoólico, por exemplo, raramente reconhece que é alcoólico
e cada um de nós tem tendência a negar uma parte de si próprio.
Jesus veio ensinar-nos a conhecermo-nos tais como somos,
com a nossa vocação profunda para o amor,
com todos os nossos dons,
com toda a beleza que está em nós,
mas também com tudo o que está ferido,
com tudo o que é frágil,
com tudo o que é pobre

(Jean Vanier, em "A Fonte das Lágrimas")

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Onde mora a Felicidade?


"Não é na posse de rebanhos nem no ouro que se encontra a felicidade de viver: a morada da felicidade é a alma" (Demócrito)

«Muitos buscam a felicidade juntando o máximo de riqueza possível. Mas a riqueza não torna ninguém feliz. Quem não sente a felicidade na sua alma correrá atrás dela em vão no mundo das posses ou do sucesso. Nunca possuirá o suficiente, nunca receberá atenção suficiente, não terá tanto sucesso a ponto de ser feliz. A felicidade mora na alma, no âmbito interno do ser humano. Lá onde o homem está em concordância consigo mesmo, onde sente seu carácter único, onde sabe da sua dignidade humana, lá está uma felicidade que nenhum fracasso, nenhuma perda, nenhuma rejeição podem lhe roubar.» (Anselm Grün, em "O Pequeno livro da verdadeira felicidade)

domingo, 17 de agosto de 2008

Descobrir a Pérola


«Devemos, em algum momento, assumir a responsabilidade por nossa vida. Isso também significa que devemos nos reconciliar com as feridas que sofremos na infância, que podem, então, tornar-se fonte de vida. Nossas feridas viram pérolas, como diz Hildegard von Bingen. Quando contemplamos nossas feridas, podemos compreendê-las melhor. Não nos condenamos mais por reagir com tanto melindre. É compreensível sermos tão melindrosos com essas feridas, tão susceptíveis, tão temerosos em relação à autoridade. É só a compreensão que nos livra da autocondenação.
Mas não se pode parar na compreensão. É importante que em minhas feridas eu descubra o meu talento, a pérola que torna a minha vida preciosa. Na ferida está a minha oportunidade. Se, por exemplo, recebi pouco carinho, posso ser sensível com todas as pessoas que sofrem falta de amor. E, por não me ter saciado em minha necessidade de amor e proximidade, segui o caminho espiritual. Não me contento em ter uma boa situação. Permaneço vivo em meu anseio por Deus.
Descubro a minha trilha para a vida justamente nas minhas feridas. Estas se tornam minha oportunidade de reconhecer o meu carisma e vivê-lo. Desse modo, minhas feridas se tornam fonte de benção para mim e para os outros.» (Anselm Grün, em "O Pequeno livro da verdadeira felicidade")

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

ESPIRITUALIDADE NO DIA A DIA

«O caminho da espiritualidade tem de conduzir ao quotidiano. Consiste simplesmente em fazer aquilo que é «necessário», aquilo que devo fazer no momento, aquilo que devo a mim e ao meu ser, aquilo que devo ao outro e aquilo que devo a Deus. (...)


A espiritualidade tem de ser uma coisa concreta. Esta revela-se na configuração do dia, através de rituais curativos. Revela-se num relacionamento amável com os seres humanos, na disponibilidade para ajudar quando os outros precisam do meu trabalho, e numa ocupação em que sirvo as pessoas e não a minha própria imagem. O facto de um ser humano ser espiritual ou não é uma coisa que, segundo São Bento, conseguimos ler sempre no seu quotidiano: na sua maneira de lidar com as pessoas, como organiza o seu tempo e, não menos importante, como lida consigo próprio. Torna-se assim evidente se ele faz girar tudo à sua volta ou, em última análise, à volta de Deus.

Para São Bento, o objectivo de toda e qualquer espiritualidade é «que Deus seja glorificado em tudo». E, na sua regra, ele coloca este princípio precisamente num prosaico capítulo sobre os artíficies. A forma como trabalham e como lidam com o produto do seu trabalho é decisiva para avaliar se se deixam conduzir por cobiça ou avidez, ou se estão preocupados com a glorificação de Deus.» (Anselm Grun, em "O Livro das Respostas")

domingo, 10 de agosto de 2008

PARAR


«É preciso parar, para me acalmar. Preciso cessar de correr por aí, de agitar-me. Preciso ficar parado, ficar em mim mesmo. Quando paro, encontro-me antes de tudo comigo mesmo. Daí, não posso mais transferir para fora a minha inquietude. Vou percebê-la em mim mesmo. Apenas quem resiste à própria inquietude alcança a calma.

Ao amamentá-la, a mãe acalma a criança que chora de fome. Também devo acalmar a minha alma, que chora por dentro. Quando não corro mais de um lado para o outro, a fome do meu coração se apresenta. Ele precisa de alimento. Devo me voltar maternalmente para o meu coração, para que haja paz. Mas muitos têm medo de se envolver com o coração ruidoso. Preferem evitá-lo, precipitando-se de um lugar para o outro. Mas o teu coração continua a gritar. Ele não se deixa evitar. Precisa de atenção. Quer ser acalmado.» (Anselm Grün, em "O Pequeno livro da verdadeira felicidade")

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O LUGAR QUE DEUS ESCOLHEU

“Deus procura a Si mesmo em nós, e a aridez e o pesar do nosso coração são o pesar de Deus que não é conhecido em nós, que não pode encontrar a Si mesmo porque não ousamos acreditar ou confiar na incrível verdade de que Ele pode viver em nós, e o faz por escolha, por preferência. Mas de facto existimos somente para isto: para sermos o lugar que Ele escolheu para Sua presença, Sua manifestação no mundo, Sua epifania.” (Thomas Merton, in "The Hidden Ground of Love")

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Aceitar a Vontade de Deus

"Quem se encontra em sintonia consigo mesmo, consegue entregar-se ao trabalho. Tudo aquilo que reprimimos, aquilo com que não fazemos as pazes, nos impede de trabalhar e viver. E nos custa muita força interior. Durante as conversas com pessoas esgotadas, percebemos rapidamente que a sua exaustão não está relacionada à quantidade de trabalho ou ao tipo de trabalho que fazem, nem às expectativas provenientes do meio externo e também não ao contexto em que vivem. Na maior parte das vezes, trata-se da falta de paz experimentada por ela. Em última instância, lutam contra a vida com que Deus as confronta. Preferem agarrar-se a ilusões e vivem fantasiando sobre como deveria ser a sua vida. E é exactamente esta cisão entre a ilusão e a sua realidade que lhes rouba toda e qualquer energia." (Anselm Grun, em "Fontes da Força Interior")

domingo, 3 de agosto de 2008

Deus em nós

“Para encontrarmos Deus em nós, temos de parar de olhar para nós mesmos, de nos inspecionar e verificar no espelho da nossa futilidade; devemos contentar-nos em ser em Deus e de fazer o que Ele quiser, conforme as nossas limitações, julgando os nossos actos não à luz das nossas ilusões, mas à luz da Sua realidade que nos cerca nas coisas e pessoas com quem vivemos.” - Thomas Merton, em "Homem algum é uma ilha"

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Para ser realmente livre


"Nada ter, tudo possuir", assim se pode descrever a postura dos sábios de todas as religiões, de todos os tempos. Apenas quem não prende seu coração ás coisas criadas, quem sabe se soltar onde os outros se prendem, é realmente livre" (Anselm Grün, em "O Pequeno livro da verdadeira felicidade")