sábado, 28 de março de 2015

HOUVESSE...


Houvesse um sinal a conduzir-nos
E unicamente ao movimento de crescer nos guiasse. 
Termos das árvores
A incomparável paciência de procurar o alto
A verde bondade de permanecer
E orientar os pássaros.

Daniel Faria

quarta-feira, 25 de março de 2015

ORFANDADE DE AMOR


«...agora reparava que os pais nos dão algo mais do que coisas úteis e que, quando se vão, nos deixam órfãos, tenhamos nove ou noventa anos.»

Juan José Millás, in A Ordem Alfabética
Ilustração de Berk Özturk

Graças a http://portefoliodeleituras.blogspot.pt/…/orfandade-de-amor…

domingo, 22 de março de 2015

A INFÂNCIA É UM LUGAR DE EXÍLIO


«A infância é um lugar de exílio. Se não tivermos, em qualquer sítio do coração, uma infância, onde nos refugiaremos quando os ladrões vierem para nos roubar a inocência e os sonhos e quando os assassinos baterem à porta? Se não tivermos uma pequena infância que seja (um jardim longínquo, um vago quarto de dormir perdido), onde guardaremos os segredos mais secretos e onde brincaremos ainda? E quem nos responderá quando, diante do nosso rosto no espelho, nos virmos e não nos reconhecermos, ou quando, nos dias de infelicidade, chamarmos pelo nosso nome?»
Manuel António Pina, in "Contra os economistas"

quinta-feira, 19 de março de 2015

ANOREXIA DE AFETOS


"Há um filme de Ingmar Bergman em que uma das personagens é uma rapariga anoréxica - e sabemos como a anorexia é um tipo de desinvestimento vital, que podemos tomar como símbolo de tantos outros. A rapariga vai falar com um médico e ele diz-lhe mais ou menos isto, que também vale para nós: "Olha, há só um remédio para ti, só vejo um caminho: em cada dia, deixa-te tocar por alguém ou por alguma coisa".

José Tolentino Mendonça, in A Mística do Instante

segunda-feira, 16 de março de 2015


«É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir...»
José Gomes Ferreira, in "Aventuras de João Sem Medo"
«O desencanto é mais temível do que o desespero. O desencanto é um encolhimento do espírito, uma doença das artérias da inteligência que, gradualmente, se vão obstruindo, não deixando passar a luz.»
Christian Bobin

sexta-feira, 13 de março de 2015


Volta a olhar o tempo com inocência 
como uma tarefa que as crianças 
sabem melhor do que tu

Aprende a buscar a sabedoria 
como quem constrói uma ponte 
quando seria mais fácil a distância

Aprende a elogiar a vida 
que é sempre a oportunidade mais bela 
em vez de a diminuíres com desânimos e lamúrias

Aprende a agradecer o amor 
que te esvazia as mãos 
e ao mesmo tempo as deixa iluminadas

Acende no centro de ti uma prece 
mesmo se o lume que trazes 
te parece ameaçado ou imperfeito

José Tolentino Mendonça