segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O RELACIONAMENTO AMOROSO

"Sabemos pouco do amor, da sua extraordinária ternura e poder. Muito facilmente usamos a palavra «amor; o militar usa-a, o carniceiro usa-a, o homem rico usa-a, assim como o rapaz e a rapariga. Mas sabemos pouco do amor, da sua vastidão, da sua imortalidade, da sua profundidade. Amar é ter consciência da eternidade.

O relacionamento é uma coisa estranha; muito facilmente caímos na habituação a um relacionamento particular, onde as coisas são tomadas como garantidas, com a situação aceite, não se tolerando qualquer variação; não se considera nenhum movimento em direcção à incerteza, mesmo por um segundo. Tudo é de tal modo regulado, tornado «seguro», bem amarrado, qua não há qualquer hipótese de frescura, de um respirar revivificador. A isto, e a muito mais, se chama relacionamento. Se observarmos de muito perto, verificamos que o verdadeiro relacionamento é muito mais subtil, mais rápido que um relâmpago, mais vasto do que a Terra, pois ele é vida. A vida é conflito.
Queremos fazer do relacionamento uma coisa grosseira, rígida, manipulável. Deste modo, ele perde a sua fragância, a sua beleza. Isto surge porque não amamos, e o amor é certamente a maior das coisas, pois nele acontece o completo abandono de nós mesmos. (...)

É preciso grande inteligência para um homem e uma mulher se esquecerem de si mesmos, para poderem viver juntos, não se rendendo um ao outro ou não sendo dominados um pelo outro. O relacionamento é a coisa mais difícil da vida."

J. Krishnamurti, em "Cartas a uma jovem amiga"

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A EVASÃO

«Os que sempre se movem à superfície jamais suspeitarão dos prodígios ocultos nas raízes.
A tentação do homem - hoje mais do que nunca - é a superficialidade, ou seja, viver na periferia de si mesmo. Em vez de se confrontar com o seu próprio mistério, muitos preferem fechar os olhos, estugar o passo, escapar de si mesmos e procurar refúgio nas diversões e distracções.(...)

É mais agradável, e sobretudo mais fácil, a dispersão do que a concentração; eis então o homem nas asas da dispersão, eterno fugitivo de si mesmo, procurando qualquer refúgio desde que possa escapar do seu próprio mistério e problema. A nossa crise moderna é a crise da evasão.»

Ignacio Larrañaga, em "O sentido da vida"

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

NÃO DEIXES ENVELHECER TEU CORAÇÃO

«Não deixes que o teu coração envelheça com o passar do tempo.
Ama com um amor cada dia mais intenso, mais novo e mais puro,
como o amor que Deus derrama no teu coração.»

(Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, O Caminho da Esperança")

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A FORÇA CURATIVA DO AMOR

«Somente quando nos voltarmos para o nosso interior e descobrirmos lá a presença de Deus, nos tornaremos aquilo que essencialmente somos: seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus, que nada mais somos do que amor.

A substância incorrompida do nosso ser é o amor. E somente se abrirmos nossos olhos para esta realidade mais profunda nos tornaremos verdadeiramente humanos. Então não seremos mais determinados por nossos ferimentos e humilhações, mas pelo amor que transforma nossas chagas, moldando-as em clamor por amor.

Somente quando descobrirmos o amor de Deus no "chão de nossa alma" cessaremos de procurar, ansiosa e avidamente, para fora, no mundo, a satisfação de nossas necessidades.
A cura é possível se experimentarmos amor, se pessoas nos amarem sem restrições e quando reconhecermos no amor humano o infinito amor de Deus. Este, no entanto, não depende do amor humano; também está presente em nosso coração. Por isso não precisamos procurar constantemente pessoas que nos amem.»

Anselm Grün, em "Abra seu coração para o amor"

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

COMPARAÇÃO

«Estamos constantemente a comparar-nos uns com os outros, com alguém que teve mais sorte, o que somos com aquilo que deveríamos ser. A comparação, de facto, mata. A comparação é degradante, ela perverte a nossa observação. E é no seio da comparação que somos criados.

Toda a nossa educação se baseia na comparação, assim como a nossa cultura. Portanto, existe uma constante luta para sermos uma coisa diferente daquilo que realmente somos.
A compreensão do que somos liberta a criatividade, mas a comparação alimenta a competitividade, a crueldade, a ambição e, pensamos nós, isso gera progresso. O progresso só nos levou até agora a guerras cruéis e à infelicidade como jamais o mundo conheceu. A verdadeira educação é educar as crianças sem comparação.»



J. Krishnamurti, em "Cartas a uma jovem amiga"

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O AMOR É...

«O amor é um coisa «perigosa», só ele traz a única revolução que proporciona felicidade.
São poucos os que são capazes de amar, e tão poucos os que querem o amor.

Amamos segundo as nossas próprias condições, fazendo do amor um coisa de mercado. Temos mentalidade mercantil, mas o amor não é comercializável nem é um negócio de troca.
O amor é um estado de ser, no qual todos os problemas humanos se resolvem. Vamos ao poço com um dedal e assim a vida torna-se uma coisa sem qualidade, insignificante e limitada.»

J. Krishnamurti, em "Cartas a uma jovem amiga"

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

PORQUE


Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O RIO DO AMOR

«Não sei, mas o amor incendeia-me. É uma chama inextinguível. Tenho tanto disso, que quero dá-lo a todos, e dou. É como um grande rio, que alimenta e rega cada vila e aldeia; ele vai sendo poluído, desagua nele a porcaria do ser humano, mas depressa as águas se purificam a si próprias, e rapidamente segue em frente. Nada pode estragar o amor, pois todas as coisas se dissolvem nele - o bom e o mau, o feio e o belo. O amor é algo que é a sua própria eternidade.»

J. Krishnamurti, em "Cartas a uma jovem amiga"

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

AS FERIDAS REMETEM AO AMOR

«A nossa fé no amor de Deus é apenas uma fineza piedosa ou pode realmente curar nossas feridas? A fé no amor de Deus não é uma droga milagrosa que funciona em qualquer ferimento. Creio que ela me ajuda a confrontar, sem angústia, com minhas feridas.

O amor de Deus é para mim uma atmosfera terapêutica, onde posso retirar as ligaduras das minhas chagas para que a expiração curativa de Deus sopre sobre elas. Minhas feridas querem justamente me remeter para a profundidade do amor de Deus. Elas me mostram que estou à mercê da graça desse maravilhoso amor, e que não posso me curar sozinho.

A ferida pode me abrir para o amor de Deus, e este fluir para intimidade do meu ser através da minha predisposição. Então sinto repentinamente, através do meu ferimento, apesar de tudo, uma profunda paz interior. A ferida não pára de doer, mas eu deixo de ficar revolvendo-a. Nela eu sinto que sou aceite e amado por Deus. Isto transforma a dor de quem está ferido na dor de quem é amado, que é mais leve de suportar. Neste sentido, as feridas tornam-se lugar de experiência divina.»

Anselm Grün, em "Abra seu coração para o amor"

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

SILÊNCIO (2ª parte)

Quem fala incessantemente
gasta as reservas de energias interiores.
Quando fazes silêncio,
trancas a porta da tua alma,
e isso leva a que a chama que arde em ti não se apague
e a fonte que te dá vida não se esgote.

Um silêncio puro e límpido
acalma a sede do nosso ser.
Sacia os desejos do coração.
É nele que reside a verdadeira
felicidade do Homem.

Aquele que, pelo silêncio,
se abeira do mistério da vida consegue,
em momentos de graça,
ouvir o canto do Universo,
o som das esferas celestes em movimento.
Quando vives o momento presente,
sentes-te invadir por uma alegria inigualável,
por um prazer que nada neste mundo te poderá roubar.

O silêncio é a porta
que o nosso ouvido interior abre
para se poder escutar a maravilhosa
melodia da alma.

Quando não dançamos apenas ao som
do assobio dos outros é sinal de que
estamos em sintonia connosco,
em sintonia com a música suave
que o nosso coração criou.
Descobre esta melodia interior.
Procura captar as notas do silêncio.
Mantém-te atento a tudo
o que desponta em ti.

Anselm Grün, em "Em cada dia... um caminho para a felicidade"

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

SILÊNCIO (1ª parte)

Precisamos de mergulhar no silêncio
se queremos sentir a felicidade
que habita no mais íntimo dos nossos corações.
Se nunca pararmos,
nunca conseguiremos senti-la.
Ela é como o mar: só quando está calmo
é que reflecte a beleza do mundo.
Só quando paramos, em silêncio,
é que podemos reflectir
a grandeza do que nos rodeia.
É então que podemos experimentar
a alegria que trazemos em nós.

Só podes encontrar-te contigo mesmo
se estiveres em silêncio.
As muitas influências do exterior debilitam-te.
Precisas do silêncio
para voltares a ser tu próprio,
em plenitude.

Procura o silêncio.
O ruído é como a sujidade e o pó.
O silêncio é um banho para a alma.
Não há purificação mais intensa
que a do silêncio.
É nele que está o caminho
para a paz do coração.

Anselm Grün, em "Em cada dia... um caminho para a felicidade"

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

AQUELES QUE ME AMAM...

Aqueles que me amam neste
mundo procuram a todo custo manter-me
preso. Mas o teu amor, muito maior que o
deles, é diferente, pois tu me conservas livre.

Eles temem que eu os esqueça, e por
isso nunca me deixam sozinho. No entanto,
passam-se dias e dias, e tu não apareces.

Mesmo que eu não te invoque em
minhas orações, e mesmo que eu não te
conserve em meu coração, o teu amor por
mim sempre fica esperando o meu amor.

Rabindranath Tagore