quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O PRIMEIRO BEIJO


Para a minha doce amada...

O céu ficou silencioso e de olhos baixos,
Os pássaros calaram todos os seus cantos;
O vendo emudeceu; a música das águas acabou
De repente; o murmúrio da floresta
Morreu lentamente no coração da floresta.
Na margem deserta do rio tranquilo,
Nas sombras do anoitecer desceu silenciosamente
O horizonte sobre a terra muda.
Nesse momento no silencioso e solitário alpendre
Beijámo-nos pela primeira vez.
Nesse momento exacto, ao longe e perto
Repicaram os sinos e soaram os búzios
Nos templos dos deuses apelando ao culto.
Um estremecimento percorreu o infinito mundo das estrelas
E os nossos olhares encheram-se de lágrimas.

Rabindranath Tagore

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