«Amava-te. Amo-te. Amar-te-ei.
Não basta uma carne para nascer.
É também precisa esta fala.
Ela vem de longe.
Vem do azul longínquo dos céus, entranha-se no vivo,
escorre sobre as carnes do vivo como uma água subterrânea de amor puro.
Não é necessário conhecer a Bíblia para a ouvir.
Não é necessário acreditar em Deus para ser vivificado pelo seu sopro.
Esta fala impregna cada página da Bíblia,
mas impregna também as folhas das árvores,
o pêlo dos bichos e cada grão de poeira voando no ar.
O âmago da matéria, o seu último núcleo, o seu derradeiro confim,
não é a matéria, mas esta fala.
Amo-te.
Amo-te de um amor eterno, eternamente voltado para ti - poeira, bicho, homem.»
C. Bobin
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