No filme Gandhi, de Richard Attenborough, há, quase no final, uma cena de grande força espiritual, só protagonizável por pessoas que pairam acima das diferenças políticas, sociais ou religiosas. Gandhi estava entregue a um rigoroso jejum, já muito debilitado, quase a morrer, pois não aceitava que a Índia, ao libertar-se dos ingleses, se dividisse entre hindus e muçulmanos. (Na verdade, ele viria a ser assassinado, pouco depois, por um separatista).
Estava deitado no seu colchão, quando se apresentou um hindu que lhe disse merecer o inferno.
Gandhi perguntou-lhe:
- Porque falas assim? Que fizeste?
- Matei uma criança muçulmana, confessou envergonhado.
- Por que razão?
- Porque eles também mataram o meu filho.
Gandhi, então, ensinou-lhe com extrema doçura:
- Há uma porta de saída do inferno: a de tolerância, a do perdão, a da boa convivência.
Agora, vai e adopta uma criança muçulmana e não tentes mudar as suas convicções religiosas. Deixa-a viver como muçulmana.»
Pe. Neylor J. Tonin, em "Histórias de Sabedoria"
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