quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

"Dai-me a casa vazia e simples onde a
luz é preciosa. Dai-me a beleza intensa
e nua do que é frugal.

Quero comer devagar e gravemente como
aquele que sabe o contorno carnudo e
o peso grave das coisas.

Não quero possuir a terra mas ser um com
ela. Não quero possuir nem dominar
porque quero ser: esta é a necessidade.

Com veemência e fúria defendo a fidelidade
ao estar terrestre. O mundo do ter perturba
e paralisa e desvia em seus circuitos o estar,
o viver, o ser.

Dai-me a claridade daquilo que é exactamente
o necessário. Dai-me a limpeza de que não
haja lucro. Que a vida seja limpa de todo
o luxo e de todo o lixo.

Chegou o tempo da nova aliança com a vida."

Sophia de Mello Breyner Andresen

1 comentário:

Viviana disse...

Olá Paulo

Como continua lindo o seu blogue!...

Parabéns, meu bom amigo.

Gostei tanto da Poesia da Sophia que vou levá-la para a partilhar lá meu cantinho com os amigos.

Um abraço e o desejo de uma semana muito abençoada
Viviana