quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Inverter a lógica


É fundamental compreendermos que a realidade “não é simplesmente o que é”, mas acaba sempre por tornar-se o modo como olhamos para ela. As coisas tomam a cor da luz que as ilumina. Numa sala com uma lâmpada azul, todas as paredes, móveis e pessoas ficam azuis. Muda a lâmpada para verde, e tudo ficará verde. Para ver bem, é preciso escolher a “luz” certa. “Olhar” os acontecimentos significa “interpretá-los”. E é fundamental aprendermos a interpretar os acontecimentos de maneira optimista, positiva, confiante e criativa, porque isso leva-nos a dar passos concretos que nos conduzem a melhorarmos a realidade.

Um pensador espanhol muito conhecido, disse um dia uma frase que ficou famosa: “Eu sou eu e a minha circunstância”. Mas “eu” não sou a minha circunstância! Na mesma circunstância, “eu” posso optar por ser “outro”, isto é, ser diferente. Porque as circunstâncias (contextos) fazem as pessoas, mas as pessoas fazem as circunstâncias (contextos). Não somos “ratos de laboratório” numa grande “gaiola de experiências e ensaios” que é o mundo! Não somos fantoches nas mãos de qualquer destino! Temos os fios mais importantes da nossa vida nas nossas próprias mãos! As nossas posturas, atitudes e expressões (verbais, faciais, corporais, simbólicas…) são consequência das nossas experiências, mais ou menos positivas. Sim; mas o mais importante desta lógica é que pode ser invertida! As nossas experiências de vida podem ser mudadas se mudarmos as nossas posturas, atitudes e expressões!

O modo como nós lidamos com as nossas experiências, as mais antigas como as actuais, torna-as diferentes. Somos protagonistas de nós próprios, somos autores e não só resultado da nossa história, cheio de acontecimentos. Quando falamos de “história”, da nossa história, temos a tentação de olhar só para o passado, considerando-nos como resultado de tudo o que fomos, tivemos e nos aconteceu. Uma coisa te garanto: a maturidade da Fé, da Esperança e do Amor ao jeito de Jesus empurra-nos sempre a olhar para a frente, rasga-nos o futuro. “Tens que nascer de novo!”, disse Jesus a Nicodemos. “Poderei voltar ao ventre da minha mãe?!”, perguntou ele. O engano do costume… querer renascer voltando ao passado! Renascer é nascer novo para o futuro. A nossa história não é só o fio das nossas memórias e experiências. A nossa história é também o apelo ao que de nós ainda está por nascer, o mundo dos nossos projectos e das nossas ousadias a caminho da Felicidade. Não te deixes ser apenas o resultado das tuas experiências!

Sê autor da tua história, pelo modo como amadureces com as experiências do passado, enfrentas as do presente e preparas as do futuro. Não te deixes cair no marasmo dos que acham que nunca há nada a fazer para mudar… porque é mentira! Nem deixes que te enganem com os seus argumentos… Não te deixes cair na tentação de querer justificar as desistências com argumentos que parecem muito “sábios”, mas só servem para enganar os distraídos, coisas deste tipo: “Eu sou assim… é uma questão de personalidade… é a minha maneira de ser…” Essa “maneira de ser” que chamam “personalidade” não pode ser entendida como uma realidade estática, como um destino interior imutável, qualquer coisa como uma “mola interior” que impulsiona os nossos comportamentos, sempre e só num movimento “de dentro para fora”.

Sabes, a nossa personalidade manifesta-se nos nossos comportamentos, mas se quisermos amadurecer temos que começar por conscientemente mudar os nossos comportamentos! Os comportamentos também moldam a personalidade. Na prática, sabes como é que isto se faz? É assim: se queres possuir uma determinada qualidade ou maneira de ser, faz por comportar-te como se já a tivesses! Esse é o caminho para ela desabrochar em ti…

Rui Santiago

1 comentário:

Anónimo disse...

Acredito que todos temos vivências menos boas que realmente não podemos encarar com optimismo ou melhorar.
Aprende a viver com elas....pensas tu....
também não, existem mesmo montanhas intransponíveis.
A dor, a doença e a morte.........só para mencionar algumas.
Se me disserem que todas as vivências más nos enriquecem, concordo, enriquecem-nos e engrandecem-nos. Mas para isso temos sempre de as viver.
Dafonso