quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A arte de não adoecer

Se não quiser adoecer - "Fale dos seus sentimentos"

Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças
como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a
repressão dos sentimentos pode degenerar até em cancro. Então vamos desabafar,
confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O
diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia.

Se não quiser adoecer - "Tome decisões"

A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A
indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é
feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder
vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de
doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer - "Busque soluções"

Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a
lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que
lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce
existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa
que se transforma em doença.

Se não quiser adoecer - "Não viva de aparências"

Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que
está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas
de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a
saúde que viver de aparências e fachadas.
São pessoas com muito verniz e
pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer - "Aceite-se"

A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos
algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que
não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos,
destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é
sabedoria, bom senso e terapia.

Se não quiser adoecer - "Confie"


Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria
laços profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há
relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.

Se não quiser adoecer - "Não viva sempre triste"


O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida
longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom
humor nos salva das mãos do doutor". Alegria é saúde e terapia.

Dr. Dráuzio Varella

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Amor é Vida

"Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor."

"Amar, ser verdadeiro, deve custar - deve ser árduo - deve esvaziar-nos do ego."

"O amor é a fruta da época de todas as estações e está ao alcance de cada mão. Qualquer um pode colhê-lo, sem limites estabelecidos."

"As palavras de Jesus: Amem uns aos outros como eu vos amei, não devem ser apenas uma luz para nós, mas uma chama que arda dentro de nós."

"Não podemos fazer grandes coisas na terra. Tudo o que podemos fazer são pequenas coisas com muito amor".

Madre Teresa de Calcutá

domingo, 27 de janeiro de 2008

David Fonseca & Rita Redshoes


Ontem, assisti a um espectáculo (na Guarda) simplesmente fantástico do cantor/compositor/intérprete português - David Fonseca. Uma actuação cheia de energia, sensibilidade, criatividade, arrojo... Um espectáculo com muitas e boas surpresas, com destaque para as inúmeras versões de canções conhecidas e desconhecidas, assim como os brilhantes apontamentos de humor protagonizados pelo próprio a solo, ou em interacção com o público.
Confesso que um dos momentos mais marcantes do espectáculo ocorreu na abertura, quando o David interpretou a primeira canção a meio metro do lugar onde me encontrava sentado. Instalaram um micro numa das passagens centrais (mais ou menos ao centro) do teatro onde se realizou o espectáculo, precisamente meio metro ao lado do lugar onde me sentara. Alguns instantes depois, surge o David com a sua guitarra para interpretar uma das canções do seu mais recente album - "Dreams in Colours".

Mas esse foi apenas um dos momentos especiais do espectáculo, que na 1ª parte foi encantadoramente conduzido pela talentosa e sonhadora - Rita Redshoes, que também integra o grupo de músicos que acompanha o David nos espectáculos.
Há muito que ando encantado e apaixonado por uma canção dela - "Dream on Girl". O video é simples, mas belo e bem conseguido. Para quem ainda não conhece esta pérola musical, oiçam e vejam agora:


Para os(as) leitores(as) que não conhecem a obra do David Fonseca, façam o favor de ouvir e ver(grandes videos) com atenção:

- Superstars II
- Hold Still
- Someone That Cannot Love
- Who Are You?
- Kisse me, oh kisse me (para esta ainda não há video)

Como disse anteriormente, um dos momentos mais marcantes do espectáculo (para mim), foram as várias covers (versões) que o David interpretou. Ele deu-me a conhecer uma canção maravilhosa de um artista cuja obra conheço pouco. Para ouvir com o coração:

Ryan Adams - "How do you keep love alive"

Lord, i miss that girl

On the day we met the sun was shining down

Down on the valley

Riddled with horses running

Crushing them with flowers

I would have picked for her

On the day she was born

She runs through my veins like a long black river

And rattles my cage like a thunderstorm

Oh my soul

What does it mean?

What does it mean?

What does it mean to be so sad?

When someone you love

Someone you love is supposed to make you happy

What do you do

How do you keep love alive?

When it won't

What, what are the words

They use when they know it's over

"We need to talk," or

"I'm confused, maybe later you can come over

"I would've held your mother's hand

On the day you was born

She runs through my veins

Like a long black river and rattles my cage

Like a thunderstorm

Oh, my soul

What does it mean?

What does it mean?

What does it mean to be so sad?

When someone you love

Someone you love is supposed to make you happy

What do you do

How do you keep love alive?

When it won't

How do you keep love alive?

Infelizmente, não foi possível (não era permitido), captar som e imagem do espectáculo. Mas, encontrei um video em que o David interpretou ao vivo a sua versão deste tema fantástico!

O som e imagem não são de grande qualidade, mas vale a pena!

David Fonseca - "How do you keep love alive"





sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

El Perro Del Mar - God Knows (You gotta give to get)



O Poder de ter e dar

As únicas coisas que podemos ter de verdade são aquelas que somos capazes de dar. Aquilo que não somos capazes de dar só nos aprisiona.
Nós só sabemos realmente algo quando somos capazes de o ensinar.
Nós só conhecemos o Amor quando somos capazes de o trasmitir.
Nós só conhecemos a Felicidade quando conseguimos levá-la aos outros.
Só seremos ricos quando acrescentarmos valor à vida dos outros.

Isto não que dizer que tenhamos que dar tudo o que temos, mas, acima de tudo, é a habilidade e disposição para dar que nos traz tudo isto. Conseguem imaginar algo mais miserável que ter tudo no mundo e não ter com quem dividir? O que quer que a gente esteja a esconder do mundo - as nossas habilidades, os nossos pensamentos, a nossa paixão, o nosso conhecimento, o nosso entusiasmo, a nossa coragem - estamos a esconder de nós mesmos. As riquezas que possumimos, quer sejam materiais, intelectuais ou espirituais, não têm valor nenhum se não as soubermos partilhar.

Fonte: Pérolas de Sabedoria


quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Medo vs Fé

O medo foca-se no eu.
A fé, em Deus.
O medo paralisa.
A fé, avança.
O medo cega.
A fé faz-nos ver para além dos nossos olhos.
O medo traz terror.
A fé, confiança.
O medo traz perdição.
A fé, salva.

No entanto, a fé terá de ser revestida do maior de todos os dons: Amor.
Porque fé sem amor, conduz ao fanatismo.

Onde há amor não há medo. Na verdade, o perfeito amor elimina toda a espécie de receio, porque o medo traz consigo a ideia de culpa, e mostra que não estamos absolutamente convencidos de que ele nos ama perfeitamente.
- 1 João 4:18

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Amor e Liberdade

Não se pode ter liberdade e coerção ao mesmo tempo. Ninguém pode sujeitar o ser que ama com o intuito de conquistar os seus afetos. O ser amado precisa sentir-se livre para mudar, rejeitar ou sumir; e eu que lhe ofereço a minha afectividade, sofrerei pelas suas escolhas. Também, quanto maior o amor, maior a possibilidade de dor. Quem ama com amor infinito corre o risco de sofrer uma dor infinita.

Juan Luis Segundo afirmou:"... significa também que a pessoa amada, permanece livre para mudar, para rejeitar-me e infringir-me, assim, a maior dor que posso experimentar. De facto, amar é oferecer-se desprotegido (segundo frase de Freud) à dor".

Que quer, então, verdadeiramente, a pessoa que acredita poder exigir de Deus uma criação onde o amor seja infalivelmente feliz? Pretende um amor sem dom de si, isto é, um não amor, um egoísmo onde a pessoa a quem digo amar se converte em instrumento determinado e cego, sem capacidade de expressar livremente seu ser.
O amor infalível não é amor. A dor é a outra face do dom de si mesmo, sem reservas, gratuito, como é todo o amor verdadeiro".
Assim, o Deus que não se vulnerabilizou à possibilidade de ser rejeitado, não ama. E o Deus incapaz de amar não é o Deus bíblico.


domingo, 20 de janeiro de 2008

um rapaz novo, talvez nem vinte anos, sentado com o coração na boca, no Jardim das Amoreiras, à sombra de uma árvore.



A mão, imperativa:
- Hoje não escreves nada.
mas isto não me sai da cabeça. Um rapaz novo, talvez nem vinte anos, sentado com o coração na boca, no Jardim das Amoreiras, à sombra de uma árvore.
- Desiste, não vais ser capaz.
As mãos apoiadas sobre os joelhos. A cabeça, inquisidora, move-se em todas as direcções como os radares dos aeroportos. Bem vestido, fato de corte italiano e camisa de linho egípcio. Sozinho. A cabeça procura. Controla as horas de minuto a minuto. Passam por ele três raparigas lindas. Divinais. Quatro idosos a bater cartas, param. As bocas abertas. O braço de um deles, levantado já acima da cabeça, preparado para mostrar aos comparsas e ao mundo o vigor indisfarçável do ás de copas, permanece inerte, lá em cima, acompanhando a boca aberta no pasmo perante tanta beleza, mas o radar continua as suas voltas. Permanece indiferente. Os olhos berram amor, mas ela demora a chegar. Decido ficar por ali uns instantes, com a curiosidade a roer-me todo por dentro.
- Como será ela?
Sento-me dois bancos ao lado dele. Abro o Público, para disfarçar, e vou deitando o olho cá para fora, por cima do jornal. Passam alguns minutos e o rapaz começa a mostrar sinais de algum desânimo. Talvez ela já não venha e o sol se esconda por trás de uma dessas andorinhas que teimam em permanecer por cá. Os olhos dele cobrem-se de um véu leve, translúcido, e as íris ameaçam afundar-se cara abaixo. Invade-me um sentimento de pena. A crueldade das mulheres bonitas, cujos sorrisos são armas de destruição massiva, pode ser incomensurável. Estendem os lábios e conquistam, à custa de napalm de dentes brancos e pocinhas no rosto, os territórios desprevenidos que habitam os peitos de rapazes como este.
Gostava de te poder ajudar, nesse combate em que és o teu pior inimigo. À custa de quereres reprimir isso que te vai aí dentro, aumenta-lo. Cresceu dentro de ti uma espécie de dependência dela e não percebes porque é que ela se tornou o teu epicentro. Viciaste-te na felicidade de alguém que não compreendes. Conspiraram contra ti poetas renascentistas e pintores impressionistas e sentes o mundo preso nas pestanas dela. Sentes que quando ela fecha os olhos tudo cessa de existir. Mas a verdade é que não posso. Nem sei se seria bem ajudar-te. Isso que tu sentes é o que te salva. Se lho dissesses ela não perceberia o porquê. Dir-te-ia:
- Sou uma mulher como as outras. Além disso, tenho alguém e, a ti, mal te conheço.
Objectarias que te parece que a conheces desde sempre. Que, quando sorri, transporta um sorriso triste a três quartos dos lábios. Que não é uma mulher como as outras e pagarias para a ouvir respirar, à noite, segundos antes dela adormecer. Mas ela não percebe que isto roda só para ela e que os deuses projectaram o universo para que ela o pudesse pisar.
De súbito, uma apatia apodera-se do jardim e ouve-se apenas, ao longe, o canto afinado de um rouxinol. Os jogadores de cartas deixaram de comentar jogadas pretéritas e encontram-se como que rendidos a algo maior do que eles. O vento levanta-se, soprando de sudoeste um hálito leve mas constante e parece que me encontro dentro de um filme, momentos antes de se atingir o clímax da acção.E, de repente, percebo a cabeça que indaga. Eis que ela chega. Cabelos negros, longos, parecem cascatas de chocolate sobre a pele cor de mel. Ao andar, dança. Ao sorrir, voa. Ao ajeitar o cabelo, atirando-o sobre o ombro esquerdo, enche o jardim de vida e desabrocham as flores nos canteiros. Nos enormes olhos castanhos traz o fado que nos espera. O rapaz chora. Rendeu-se. Nunca lhe conseguirá dizer o que sente por ela. Aquela mulher mostrou-lhe a felicidade para lhe dizer que nunca a terá.
Resta-lhe saber que haverá, daqui a alguns anos, à sua espera, um banco de jardim, um jornal e um rapaz novo, talvez nem vinte anos, sentado com o coração na boca, no Jardim das Amoreiras, à sombra de uma árvore.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A Amizade é...



AMIZADE É...

1. Laço que une mas não aprisiona.
2. Pedra que levanta mas não esmaga.
3. Mão que acompanha mas não força.
4. Estrela que guia mas não cega.
5. Olhar que perscruta mas não julga.
6. Irmão que corrige mas não humilha.
7. Oásis que restaura mas não retém.
8. Árvore que abraça mas não aperta.
9. Manto que cobre mas não sufoca.
10. Coração que ama mas não exige.
11. Torrente que mata a sede mas não afoga.
12. Cadeia que une mas não aperta.
13. Lima que aguça mas não arranha.
14. Ternura que protege mas não oprime.
15. Brisa que acalma mas não aborrece.
16. Palavra que previne mas não aborrece.
17. Música que harmoniza mas não esconde.
18. Vinho que envelhece mas não azeda.



quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Colaboradores de Deus

Só Deus pode criar
mas tu podes valorizar o que Ele criou.
Só Deus pode dar a vida,
mas tu podes transmiti-la e respeitá-la.
Só Deus pode dar a fé,
mas tu podes dar o testemunho.
Só Deus pode dar o amor,
mas tu podes ensinar a amar.
Só Deus é o caminho,
mas tu podes indicá-lo aos outros.
Só Deus pode dar a alegria,
mas tu podes sorrir a todos.
Só Deus pode dar saúde
mas tu podes guiar e orientar.
Só Deus pode infundir a esperança,
mas tu podes restituir a confiança.
Só Deus pode dar a paz,
mas tu podes semear a união.
Só Deus pode dar a força
mas tu podes apoiar quem desanimou
Só Deus é a luz,
mas tu podes restituir aos outros a vontade de viver.
Só Deus pode fazer milagres,
mas tu podes ser aquele que trouxe cinco pães e dois peixes.
Só Deus pode fazer o impossível,
mas tu podes fazer o possível.
Só Deus basta a si mesmo,
mas Ele preferiu contar com a tua pessoa.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O Amor e os monstros

- Papai…!
- O que foi, filha?
- Estou com medo…
- Medo de quê?
- De monstros!
- Monstros?
- É… Eles estão aqui!
- Filhinha… Deixa eu te dizer uma coisa: onde existe amor não há lugar para monstros. Os monstros têm medo do amor. O amor é maior que os monstros. O amor é maior que tudo. E você é muito amada, minha flor.
- Quer dizer que onde não tem amor os monstros vêm?
- É, querida, você disse uma grande verdade… Onde não há amor nossos monstros, nossas feras, nossos demônios aparecem, entram e fazem moradas.
A essa altura do meu discurso metafísico sobre as implicações do conflito apocalíptico entre os monstros que habitam a imaginação fértil de minha filha recém-adotada e o amor, meus olhos, encarando-a com toda a ternura do mundo se encheram de lágrimas, enquanto os seus, verdes e claros como o mar de Natal, sorriram pra mim, ante a constatação de que o amor estava presente ali entre nós, que os monstros haviam se dissipado todos como fumaça, e que era hora de dormir na mais profunda paz de criança.Nosso breve tratado filosófico-teológico se encerrou num abraço apertado (de ambos), molhado (por minhas lágrimas) e cheio desse mesmo amor de que falamos.

…estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demónios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do AMOR…
Carta de São Paulo aos Romanos, capítulo XVIII

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Imaturidade e narcisismo do amor

Provavelmente uma das mais belas, profundas e verdadeiras reflexões sobre o Amor que já tive oportunidade de ler. Apreciem com o coração aberto e disponível este verdadeiro tesouro de sabedoria e espiritualidade:


"Os psicólogos usam palavras bem ásperas para a imaturidade e o narcisismo do amor na nossa sociedade mercadológica, na qual ele é reduzido a uma necessidade puramente egoísta que exige satisfação imediata ou manipula os outros de maneira mais ou menos inteligente a fim de obter o que deseja. Mas a pura verdade é esta: o amor não é uma questão de se obter o que se deseja. Muito pelo contrário. A insistência em sempre ter o que se deseja, em sempre obter satisfação, em sempre ser saciado, torna o amor impossível. Para amar, você precisa sair do berço, onde tudo é ‘obter’, e crescer para a maturidade da doação, sem se preocupar em obter alguma coisa especial em troca. O amor não é uma transação, é um sacrifício. Não é marketing, é uma forma de culto.
Na realidade, o amor é uma força positiva, um poder espiritual transcendente. É, de facto, o poder criativo mais profundo na natureza humana. Enraizado nas riquezas biológicas da nossa herança, o amor floresce espiritualmente como liberdade e como resposta da criatura à vida num encontro perfeito com uma outra pessoa. É uma apreciação viva da vida como valor e como dom. Responde à fecundidade, à variedade e à total riqueza da própria experiência viva; ele ‘conhece’ o mistério interior da vida. Deleita-se com a vida como uma fortuna inesgotável. O amor aprecia essa fortuna de uma maneira impossível ao conhecimento. O amor tem a sua própria sabedoria, sua própria ciência, sua própria maneira de explorar as profundezas interiores da vida no mistério da pessoa amada. O amor sabe, compreende e satisfaz as exigências da vida, na medida em que responde com calor, abandono e entrega.

O amor é o nosso verdadeiro destino. Não encontramos o sentido da vida sozinhos ­— nós o encontramos com um outro. Não descobrimos o segredo de nossas vidas apenas pelo estudo e pelo cálculo em nossas meditações isoladas. O sentido de nossa vida é um segredo que nos tem de ser revelado no amor, por aquele que amamos.”

Thomas Merton, em "Amor e Vida"

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O cego e o publicitário


Um publicitário passava por um mendigo cego todos os dias de manhã e à noite e dava-lhe sempre alguns trocos. O cego trazia pendurado no pescoço um cartaz com a frase: "Cego de Nascimento. Uma esmola por favor".
Certa manhã, o publicitário teve uma ideia: virou o letreiro do cego ao contrário e escreveu outra frase. À noite, depois de um dia de trabalho, perguntou ao cego como é que tinha sido o seu dia. O cego respondeu, muito contente:- "Até parece mentira, mas hoje foi um dia extraordinário. Todos que passavam por mim deixavam alguma coisa. Afinal, o que é que o senhor escreveu no letreiro???".

O publicitário havia escrito uma frase breve, mas com sentido e carga emotiva suficientes para convencer os que passavam a deixarem algo para o cego. A frase era: "Em breve chegará a primavera e eu não poderei vê-la".

A maioria das vezes não importa O Que se diz, mas se Como diz, por isso tenha cuidado na forma como fala com as pessoas, pois isso tem muito peso naquilo que quer dizer.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O Amor Maduro


O amor maduro não é menor em intensidade.Ele é apenas quase silencioso.
Não é menor em extensão. É mais definido, colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações: presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas: amplia-se com as ausências significantes.

O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo.
Mas vive dos problemas da felicidade.
Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem e o prazer.
Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.

O amor maduro é sólido e definido.
Mas estranhamente se recolhe quando invadido pelos problemas da infelicidade que fazem a glória do amor imaturo.
O amor maduro é a regeneração de cada erro.
Ele é filho da capacidade de crer e continuar.
É o sentimento que se manteve mais forte depois de todas as ameaças, guerras ou inundações existenciais com epidemias de ciúme, controle ou agressividade.

O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa.
Ele vive do que não morreu mesmo tendo ficado para depois.
Vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados cheios de sementes.
Ele não pede, tem.
Não reivindica, consegue.
Não persegue, recebe.
Não exige, dá.
Não pergunta, adivinha.
Existe, para fazer feliz.

O amor maduro não precisa de armaduras, coices, cargos, iluminuras, enfeites, papel de presente, flâmulas, hinos, discursos ou medalhas: vive de uma percepção tranquila da essência do outro.
Deixa escapar a carência sem que pareça paupérrima.
Demonstra a necessidade sem que pareça voraz.
Define uma dependência sem que se manifeste humilhante.

O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão.
Basta-se com o todo do pouco.
Não precisa nem quer nada do muito.
Está relacionado com a vida e sua incompletude, por isso é pleno em cada ninharia por ela transformada em paraíso.
É feito de compreensão, música e mistério.
É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança.
É o sol de outono: nítido, mas doce.
Luminoso, sem ofuscar.
Suave mas definido.
Discreto mas certo.
Um sol, que aquece até queimar.

Arthur da Távola - retirado do blog Metanóia

domingo, 6 de janeiro de 2008

Amar é ser vulnerável...


«Amar é sempre ser vulnerável. Ame qualquer coisa e certamente o seu coração vai doer e talvez partir-se. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto , você não deve entregá-lo a ninguém , nem mesmo a um animal. Envolva-o cuidadosamente nos seus hobbies e pequenos luxos, evite qualquer envolvimento, guarde-o na segurança do esquife do seu egoísmo. Mas nesse esquife – seguro , sem movimento , sem ar - ele vai mudar. Ele não vai partir-se – vai tornar- se indestrutível, impenetrável , irredimível. A alternativa a uma tragédia ou pelo menos ao risco de uma tragédia é a condenação. O único lugar além do céu onde se pode estar perfeitamente a salvo de todos os riscos e pertubações do amor é o inferno.» - C.S. Lewis em “Os quatro amores”

sábado, 5 de janeiro de 2008

Projecto de Vida


Amanhã fugimos para a região dos grandes lagos. Encomendamos duas toneladas de madeira e construímos uma cabana, no sopé da montanha, com vista para o bosque. Enfeitamos o alpendre com dois vasos de orquídeas e uma cadeira de baloiço. Levanta-mo-nos bem cedo, dou-te um beijo e trato das flores. Despes-te, entras na água e nadas no lago. Ainda antes do almoço vens ter comigo, os cabelos molhados escorridos pelo peito e a pele enrugada. Cheiras ao mundo que me consome. À tarde, lemos. Folheamos de uma forma desinteressada o romance que escrevemos enquanto o sol se põe por trás das montanhas. Normalmente ficamos por ali a observar o crepúsculo, com um odor a flores nas narinas, que vai e vem, que vai e vem, que vai e vem...

David Aguilar - Tens a Eternidade Estampada no Rosto

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Não te trocava por nada deste mundo...

Não te trocava por nada deste mundo. Os dias passam lentamente e as horas são balas de longo alcance que acabarão por nos deitar por terra.
Faz um frio insuportável a esta hora da vida. A alma, se existisse, seria perceptível nos negativos das fotografias ou, vá lá, nas chapas das radiografias. Já me estou a ver, depois de um desgosto amoroso, a apertar a camisa e o técnico de imagiologia, expedito:

- O meu amigo fracturou a alma.

Fractura exposta, não de tíbia que rasga a pele mas de lágrimas que rasgam os olhos. (Outra ideia gira. As lágrimas são a alma em estado líquido.Presumo que o seu estado normal seja o gasoso...)

- Olhe, desculpe, era só para dizer que não acredito em nada disto.

Faz um frio do caneco a esta hora da vida e não, não foi engano. Faz mesmo um frio de rachar a esta hora da vida. Acende-se o lume da esperança nos olhos de uma mulher e estendem-se as mãos para a fogueira, sentindo um calor de íris por entre os dedos. Às vezes ocorre-me ficar sem palavras mas, falando a sério, experimento uma resistência enorme ao tentar compreender isto tudo. Nunca ninguém deu entrada nas urgências do Santa Maria:

- Cortei-me na alma. De quantos pontos acha o Senhor Doutor que eu preciso?

e ainda passo horas ao espelho à espera de encontrar um qualquer sinal exterior dessa entidade metafísica.