segunda-feira, 29 de junho de 2009

LIBERDADE NO ESPÍRITO

"Liberdade é aceitar que, quando pertencemos a um grupo, raça, tribo, família, comunidade, religião, nenhum desses é perfeito, cada um tem seus limites e fragilidades.
Toda comunidade de humanos tem sua luz e sua escuridão.
Todos nós somos parte de algo maior do que nós.
Todos nós fluímos de uma fonte insondável e estamos todos caminhando para ela, levando connosco a luz da verdade e do amor.
Cada um de nós é chamado a estar em comunhão com a Fonte e Centro do universo.
Os infinitos anseios do nosso coração nos chamam para estar em comunhão com o infinito.
Nenhum de nós pode se satisfazer com o limitado e com o finito.
Cada um de nós deve ser livre para seguir o Espírito de Deus."

Jean Vanier

sexta-feira, 26 de junho de 2009

PORQUE ELE NOS AMOU PRIMEIRO


Como vamos trazer o Amor para dentro dos nossos corações?
Vamos trabalhar a nossa vontade, para mantê-lo sempre próximo.
Vamos tentar copiar os que aprenderam a amar.
Vamos esquecer todas as regras que nos ensinaram sobre o que é o Amor, inclusive estas minhas palavras.

Vamos orar.
Vamos vigiar.
Nada disso, porém, nos vai fazer amar, porque o Amor é um efeito,
E só ao conhecermos a causa, o efeito se manifesta.

Devo dizer qual é esta causa?
Se lermos a Versão revisada da Primeira Epístola de João, vamos encontrar as seguintes palavras:
"Nós amamos porque Ele nos amou primeiro."Esta escrito: "nós amamos", e não "nós O amamos", como traduziram antes, de maneira errada. "Nós amamos porque Ele nos amou primeiro."
Reparem na palavra porque. Esta é a causa a que me refiro. Porque Ele primeiro nos amou, o efeito - consequentemente - é que nós amamos.

Somos todos manifestações do Amor.
Amamos a Ele, amamos a nós mesmos, amamos a todos.

É assim.
Nosso coração transforma-se aos poucos.

Contempla o amor que te é dado e saberás como amar.
Não podes ser obrigado a amar, e tampouco podes obrigar qualquer outra pessoa.
Tudo que podes fazer é olhar o Amor,
apaixonar-te por ele, e copiá-lo.

Ama o Amor.
Olha o grande sacrifício que Ele propôs a si mesmo.
Ao amarmo-Lo, tornamo-nos como Ele.
O Amor produz Amor.

Coloca uma peça de ferro numa fonte de electricidade, e levarás um choque.
É um processo de indução.
Ou coloca-a perto de um íman, e esta peça transforma-se em íman enquanto estiver ali. Permanece perto de Quem nos amou, e serás magnetizado por esse Amor.

Qualquer homem que buscar esta Causa, terá o seu Efeito.
Tentemos livrarmo-nos do preconceito de que a Busca Espiritual existe por acaso, ou capricho, ou devido ao nosso gosto pelo mistério.
Ela está aí por causa de uma lei natural - ou melhor, espiritual, porque é uma lei divina.

Edward Irving visitava um menino que estava a morrer.
Ao entrar no quarto, colocou a mão na testa do rapaz e disse:
"Rapaz, Deus ama-te."
Não disse mais nada. Saiu em seguida.
O menino levantou-se, chamou todas as pessoas da casa, e gritava:
"Deus ama-me! Deus ama-me!"

A mudança foi completa; a certeza de que Deus o amava deu-lhe forças, destruiu o que havia de mal, e permitiu a sua transformação.
Da mesma maneira, o Amor derrete o mal que existe no coração de um homem, e transforma-o numa criatura nova - paciente, humilde, tolerante, gentil, entregue, sincera.

Não existe nenhuma outra maneira de conseguir amar - e tão pouco há qualquer mistério sobre isto.
Nós amamos os outros, amamos a nós mesmos, amamos nossos inimigos, porque, primeiro, fomos amados por Ele.

"O Dom Supremo", Henry Drummond (traduzido e adaptado por Paulo Coelho)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

APRENDER A AMAR

Este deve ser o nosso objectivo no mundo: aprender a amar.

A vida oferece-nos milhares de oportunidades para aprender a amar. Todo homem e toda mulher, em todos os dias de suas vidas, têm sempre uma boa oportunidade de entregar-se ao Amor.

A vida não é um longo feriado, mas um constante aprendizado. E a mais importante lição que temos é: aprender a amar. Amar cada vez melhor.
O que faz do homem um grande artista, um grande escritor, um grande músico?
Prática.
O que faz do homem um grande homem?
Prática. Nada mais.

O crescimento espiritual aplica as mesmas leis usadas pelo corpo e pela alma. Se um homem não exercita seu braço, jamais terá músculos. Se não exercita sua alma, jamais terá fortaleza de carácter, nem ideais, nem a beleza do crescimento espiritual.

O Amor não é um momento de entusiasmo. O Amor é uma rica, forte e generosa expressão das nossas vidas - a personalidade do homem no seu mais completo desenvolvimento.
E, para construir isto, precisamos de uma prática constante.

O que fazia Cristo na carpintaria?
Praticava.
Embora perfeito, aprendia - todos nós já lemos sobre isto. E assim ele crescia em sabedoria, para Deus e para os homens.

Procuremos ver o mundo como um grande aprendizado de Amor, e não lutemos contra aquilo que acontece nas nossas vidas. Não reclamemos por precisarmos de estar sempre atentos, ser obrigados a viver em ambientes mesquinhos, cruzando com almas pouco desenvolvidas. Esta foi a maneira que Deus encontrou para praticarmos.

Não nos assustemos com as tentações. Não te surpreendas com o facto de elas estarem sempre à tua volta, e não se afastarem - apesar de tanto esforço e tanta prece. É desta maneira que Deus trabalha as nossas almas.

Tudo isto te está a ensinar a ser paciente, humilde, generoso, entregue, delicado, tolerante.

Não afastes a Mão que esculpe a tua imagem, porque esta Mão também mostra o teu caminho. Está certo de que estás a ficar mais belo a cada minuto que passa - e, embora não percebas, dificuldades e tentações são as ferramentas utilizadas por Deus.

Lembra-te das palavras de Goethe: "O talento se desenvolve na solidão; o carácter no rio da vida." O talento desenvolve-se na solidão; a prece, a Fé, a meditação, a visão clara da vida. Mas o carácter só pode crescer se fizermos parte do mundo. Porque é no mundo que aprendemos a Amar.

"O Dom Supremo", Henry Drummond (traduzido e adaptado por Paulo Coelho)

terça-feira, 23 de junho de 2009

COMO AMEI?




Mateus nos dá uma descrição clássica do Juízo Final:
o Filho do Homem senta-se num trono, e separa, como um pastor, os cabritos das ovelhas.
Neste momento, a grande pergunta do ser humano não será:
"Como vivi?"
Será, isso sim: "Como amei?"

O teste final de toda busca da Salvação, será o Amor.
Não será levado em conta o que fizemos, em que acreditámos, o que conseguimos.
Nada disso nos será pedido. O que nos será pedido: será a maneira de amar o próximo.

Os erros que cometemos nem sequer serão lembrados.
Seremos julgados pelo bem que deixamos de fazer.
Pois manter o Amor trancado dentro de si é ir contra o Espírito de Deus, é a prova de que nunca O conhecemos, de que Ele nos amou em vão, de que Seu Filho morreu inutilmente.

Deixar de Amar significa dizer que Deus jamais inspirou os nossos pensamentos, as nossas vidas, e que nunca chegámos junto Dele o suficiente para sermos tocados pelo seu deslumbrante Amor.
Significa que:
"eu vivi por mim mesmo,
pensei por mim mesmo,
por mim mesmo, e ninguém mais como se Jesus jamais tivesse vivido,
como se Ele jamais tivesse morrido."

É diante de Deus que as nações do mundo serão reunidas.
É na presença de todos os outros homens que seremos julgados.
E cada homem julgar-se-á a si mesmo.
Ali estarão presentes aqueles que encontramos e ajudamos.
Ali também vão estar aqueles que desprezamos e negamos.
Não há necessidade de chamar qualquer Testemunha,
pois nossa própria vida se encarregará de mostrar, na frente de todos, o que fizemos.
Nenhuma outra acusação - além da falta de Amor - será proferida.

Não se enganem;
as palavras que neste Dia ouviremos não virão da teologia,
não virão dos santos,
não virão das igrejas.
Virão dos famintos e dos pobres.
Não virão dos credos e das doutrinas.
Virão dos desnudos e desabrigados.
Não virão das Bíblias e dos livros de orações.
Virão dos copos de água que damos ou deixamos de dar.

Quem é Cristo?
É aquele que alimentou os pobres, vestiu os nus, e visitou os doentes.

Onde está Cristo?
"Todo aquele que receber uma criancinha destas em meu nome, também me recebe."

E quem está com Cristo?
Aquele que ama.

"O Dom Supremo", Henry Drummond (Traduzido e adaptado por Paulo Coelho)

domingo, 21 de junho de 2009

O AMOR PERMANECE

"Quinze segundos de pureza aqui, outros dez além: com um pouco de sorte, terá havido na minha vida, quando partir, pureza suficiente para perfazer uma hora." (Christian Bobin)

Exijam de vós mesmos: viver uma vida plena e correcta. Se olharem para trás, perceberão que os melhores e mais importantes momentos da vida foram aqueles onde estava presente o espírito do Amor.

Quando olhamos o nosso passado - e não nos detemos nos prazeres transitórios da vida -, notamos que os momentos marcantes de nossa existência são aqueles em que vivíamos o amor; ou que, escondidos, fizemos algo de bom para alguém. Coisas às vezes tolas demais para serem contadas, mas que, por fracções de segundo, nos fizeram sentir como se estivéssemos mergulhados na Eternidade.

Eu já vi quase todas as coisas belas que Deus criou. Já gozei quase todos os prazeres que um homem pode gozar. Mesmo assim, ao olhar o meu passado, sobram apenas quatro ou cinco momentos - geralmente muito curtos - em que pude fazer uma pobre imitação do Amor de Deus. São estes momentos que justificam minha vida. Todo o resto é passageiro. Qualquer outro bem ou virtude é apenas uma ilusão. Estes pequenos actos de Amor que ninguém reparou, que ninguém conhece, justificam minha vida.
Porque o amor permanece.

"O Dom Supremo", Henry Drummond (traduzido e adaptado por Paulo Coelho)

sexta-feira, 19 de junho de 2009


«Só podemos vencer o adversário com o amor, nunca com o ódio.

O método da não-violência pode parecer demorado, muito demorado, mas eu estou convencido de que é o mais rápido»

Mahatma Gandhi

quinta-feira, 18 de junho de 2009

GOTA DE ÁGUA LIMPA


Um dia que a Madre Teresa estava em Roma de regresso de Oslo, onde lhe tinham entregado o Prémio Nobel, um jornalista perguntou-lhe se pensava que as suas fadigas tivessem mudado o mundo e ela respondeu:
-Olhe, nunca pensei em mudar o mundo. Só procurei ser uma gota de água limpa em que o amor de Deus pudesse brilhar. Esforce-se também você por ser um gota de àgua limpa e já seremos dois. É casado?
-Sim, Madre.
-Então, diga também à sua esposa e, assim, já seremos três! Tem filhos?
-Três filhos, Madre.
-Diga também a eles e, assim, já seremos seis.
"Madre Teresa de Calcutá, a mística dos últimos" - Franca Zambonini

terça-feira, 16 de junho de 2009

O QUE É QUE ME VALORIZA?

Todas as pessoas têm o seu valor, porque são criaturas de Deus. (...)

Valoriza-me o facto de ser humano, de ter sido criado por Deus e por Ele escolhido. E valoriza-me o facto de existir em mim qualquer coisa que pertence apenas a mim.
Ninguém sente as coisas da mesma maneira que eu.
Ninguém fala da mesma maneira que eu.
Ninguém respira da mesma maneira que eu.
Não devo ver o meu valor apenas naquilo que eu consigo fazer.
As minhas capacidades fazem parte do meu valor, mas não o esgotam. Apenas têm valor como parte da minha pessoa, que é única, e em que o próprio Deus se revela. (...)

O valor e a dignidade das pessoas consiste no facto de Deus ter criado o Homem à sua imagem e semelhança. No ser humano resplandece, portanto, o rosto de Deus. É essa a mensagem da Bíblia.

Para os cristãos, isso teve, mais uma vez, outro aprofundamento, devido ao facto de Deus ter encarnado em Jesus de Nazaré.
Se acreditarmos nisso, vemos em cada rosto humano o rosto de Jesus Cristo. (...)
O facto de existir em nós uma vida divina, um espírito divino e um amor divino, constitui a mais profunda das nossas dignidades.

Anselm Grün, em "O Livro das Respostas"

segunda-feira, 15 de junho de 2009

DAR TUDO

Eu mendigava de porta em porta,
pelo caminho da aldeia,
quando um carro de ouro surgiu à distância
e parecia um sonho esplêndido.

Perguntei a mim mesmo quem seria esse Rei de todos os reis.
Minhas esperanças subiram ao céu.
Eu pensava: terminaram os meus dias nefastos.
E tive esperança de esmolas espontâneas e de riquezas soltas na areia.

O carro parou onde eu estava.
Ele me olhou e disse sorrindo.
Eu senti que afinal chegara o dia da minha felicidade.

E de repente estendeu-me a mão direita, perguntando:
"Que tens para mim?"
Ah, teu gesto real de estender a mão direita a um mendigo!
Confuso, perplexo, meti a mão na sacola
e, devagar, retirei um pequeno grão de trigo, que lhe ofereci.

Mas, à tardinha, foi enorme a minha surpresa.
Esvaziando a minha sacola,
vi um grão de ouro entre os de trigo.

Chorei lágrimas amargas e lamentando-me dizia:
"Por que não lhe dei tudo?"

Rabindranath Tagore

sexta-feira, 12 de junho de 2009


Tu me apresentaste teus amigos, que eu não conhecia.
Tu me deste poltronas em lares que não eram o meu.
Tu aproximaste de mim quem estava longe
e de um estranho fizeste meu irmão.
Quando tenho de deixar o antigo lar,
sinto o coração inquieto.
Esqueço de que aí o velho permanece novo
e estás morando aí também.
Desde o nascimento até a morte,
neste ou em outros mundos,
onde quer que me guies,
és sempre o mesmo companheiro,
em minha vida infinita.
És Tu quem uniu meu coração a um estranho para sempre.
Para quem te conhece não há mais desconhecidos,
nenhuma porta se fecha.
Concede-me esta graça:
permite-me a felicidade de sempre ver aquele que é o único e num mundo variado.

Rabindranath Tagore

quinta-feira, 11 de junho de 2009


Quando o coração é luz,

tudo se veste de luz.

Dos altos cumes não descem águas turvas,

mas transparentes


Ignacio Larrañaga

quarta-feira, 10 de junho de 2009


Tu és a minha rocha e a minha âncora.
Em ti estão mergulhadas as minhas raízes.
Em teus mananciais beberemos águas de vida eterna.
Em teus braços, cálidos e poderosos,
dormiremos enquanto durar a tempestade.
Tu encherás de luz os nossos horizontes,
de segurança os nossos passos,
de sentido os nossos dias.
Tu serás o farol e a estrela,
a bússola e a âncora,
durante a travessia da nossa vida.

Ignacio Larrañaga

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O AMOR TEM UM NOME...


O amor tem um nome concreto,

uma figura determinada

e uma história apaixonante:

Jesus Cristo na cruz, entregando a vida pelos amigos.
(Ignacio Larrañaga, em "O Sentido da Vida")

quinta-feira, 4 de junho de 2009

PARA DEUS NADA É PEQUENO...

"Purifique a sua intenção e a menor das suas acções encontrar-se-á cheia de Deus !" (Teillhard de Chardin)


«Não procureis acções espectaculares. O que importa é o dom de vós mesmos. O que importa é o grau de amor que pondes em cada um dos vossos gestos. Sede fiéis nas pequenas coisas, porque é nelas que está a vossa força. Para Deus nada é pequeno. (...)

Um dia, enquanto caminhava por uma rua de Londres, vi um homem sentado que parecia muito só. Fui até junto dele, peguei-lhe na mão e apertei-a. Ele disse: "Há quanto tempo não sinto o calor de uma mão!" Compreendi que um gesto assim tão pequeno pode dar muita alegria.»

Madre Teresa de Calcutá

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A PIOR POBREZA


Há vários tipos de pobreza.
Na Índia, onde uma mancheia de arroz é preciosa,
as pessoas vivem e morrem na fome.
No Ocidente, não se morre de fome,
mas vós tendes outro tipo de pobreza, muito pior.
É a pobreza de quem não ora,
de quem não se preocupa com os outros,
de quem não está contente com o que tem,
de quem não sabe sofrer e de quem se desespera.
Esta pobreza do coração é mais difícil de socorrer.

Madre Teresa de Calcutá

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A REVOLUÇÃO DE JESUS CRISTO

Derrubar as muralhas do egoísmo,
criar um coração novo,
mudar os motivos e critérios do homem,
trabalhar pelos outros
com o mesmo interesse com que trabalharia para mim mesmo,
despreocupar-me de mim mesmo para me preocupar com os outros,
adquirir a capacidade de perdoar e compreender...
Tudo isso é tarefa de séculos e milénios.
É essa a grande revolução de Jesus Cristo.

Ignacio Larrañaga, em "O Sentido da Vida"