«Enquanto me dou conta que, de há dez anos, não fazia a mínima ideia de como as coisas me iriam acontecer, continuo, no entanto, a manter a ilusão de que tenho o controlo da minha própria vida. Gosto de decidir tudo à minha maneira, a próxima coisa que farei, o objectivo que quero atingir e imaginar o que os outros pensarão de mim.
Enquanto estou ocupado com a própria vida, torno-me insensível aos movimentos imperceptíveis do Espírito de Deus em mim, apontando-me para direcções bastante diferentes das minhas.
É necessária uma grande capacidade para criar silêncio, solidão interior e nos tornarmos conscientes destas inspirações divinas. Deus não grita nem empurra. O Espírito de Deus é calmo e sereno como uma voz suave ou uma ligeira brisa. É o espírito de amor.
Se calhar, ainda não acreditamos perfeitamente que o Espírito de Deus é, na verdade, o Espírito de amor que nos conduz cada vez mais profundamente para o amor.
Se calhar, ainda não confiamos no Espírito, com medo de sermos conduzidos para lugares que nos possam tirar a liberdade. Ou, quem sabe, ainda pensamos no Espírito de Deus como um inimigo que exige de nós algo que julgamos não ser bom para nós.
Mas Deus é amor, só amor, e o Espírito de Deus é o Espírito de Amor que anseia por nos guiar para lugares onde os desejos mais profundos do nosso coração podem ser satisfeitos.
Com frequência, nem sequer nós próprios sabemos qual é o nosso mais profundo anseio. Ficamos muito facilmente enredados pela nossa cobiça e raiva, partindo do pressuposto errado de que esses sentimentos nos comunicam o que realmente queremos.
O Espírito de amor diz: «Não tenhas receio de pôr de lado a necessidade que sentes de controlar a tua própria vida. Deixa-me preencher os verdadeiros desejos do teu coração.»
Henri Nouwen, em "Aqui e Agora"
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