segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A DOR

Eu andava por um caminho coberto de relva e, de repente, ouvi uma voz atrás de mim: “Olha para ver se me reconheces!”
Voltei-me, olhei para ela, e disse: “Não consigo me lembrar do teu nome!”
Ela continuou: “Eu sou a primeira grande Dor que tiveste quando jovem”.
Os olhos dela pareciam a manhã em que o orvalho ainda paira no ar.
Fiquei em silêncio algum tempo, e depois perguntei: “Perdeste aquele imenso fardo de lágrimas?”
Ela sorriu, sem responder, e eu compreendi que as suas lágrimas haviam tido Tempo de aprender a linguagem do sorriso. Depois, suspirando, acrescentou:
“Certa vez disseste que irias acariciar a tua tristeza para sempre...”
Corando, eu respondi: “Sim, mas passaram-se anos e acabei esquecendo”.
Então eu tomei as mãos dela nas minhas, e lhe disse: “Mas também tu mudaste muito”.
Ela respondeu: “O que antes era sofrimento, agora se transformou em paz”

Rabindranath Tagore

1 comentário:

ismael disse...

A DÕR
Ouço dentro d!alma um gemido triste,
Grito ardente, som de morimbundo,
É a dôr dos homens, é a dôr do mundo,
Que atravessa minh'alma como dardo em riste.

Seres esquálidos, mãos suplicantes,
Crianças orfãs, lavadeiras sem pão,
Torrentes de lágrimas que molha o chão,
Doenças, pobrezas, desesperos asfixiantes.

Ó Deus do ceu como sofre o mundo!
Tantos sem teto, tantos sem esperança,
Caindo num precipício fundo.

A dôr punge como ferrete em brasa,
A angustia, o desespero em aliança,
É vendaval que tudo arrasa.























Ó Deus do ceu, como sofre o mundo,
Tantos sem teto, tantos sem esperança,
Caindo num precipício fundo.

A dôr punge como ferrete em brasa,
A angustia, o desespero em aliança,
É vendaval que tudo arrasa.