"Amo-te e sinto-me desolado por te amar tão pouco, por te amar tão mal, por não saber amar-te."
Em realidade, quanto mais se acerca da luz, mais se descobre cheio de sombras. Quanto mais ama, mais se conhece indigno de amar. É que não há progresso em amor, não há perfeição que se possa um dia alcançar. Não há amor adulto, maduro e razoável.
Não há perante o amor nenhum adulto, apenas crianças, apenas este espírito de infância que é abandono, despreocupação, espírito da perda de espírito.
A idade adiciona. A experiência acumula. A razão constrói. O espírito de infância não conta nada, não amontoa nada, não edifica nada.
O espírito de infãncia é sempre novo, retorna sempre aos começos do mundo, aos primeiros passos do amor.
O homem de razão é um homem acumulado, amontoado, construído.
O homem de infância é o contrário de um homem adicionado sobre si mesmo: um homem retirado de si, renascendo em todo o nascimento de tudo. Um imbecil que joga à bola. Ou um santo que fala ao seu Deus. Ou ambas as coisas ao mesmo tempo.»
Christian Bobin, em "Um Deus à Flor da Terra»
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