«Os corações das crianças são orgãos delicados. Um princípio cruel neste mundo pode deformá-los e imprimir-lhes formas estranhas.
O coração de uma criança pode encolher de modo a ficar duro e rugoso como o caroço de um pêssego. Ou pode crescer e dilatar-se até se transformar em algo de insuportável para trazer dentro do corpo, facilmente irritado e magoado pelas coisas mais insignificantes.»
No peito de cada um de nós há um coração moldado pela vida. Há os que o guardam palpitante como um pássaro e os que o esqueceram por terem deixado de o sentir. Entre os chamados «corações de pedra» e «corações de manteiga», há tantos e tantos corações diferentes que de formas diferentes vão moldando outros!
Há corações incendiados e corações de gelo, corações de leão e corações de pássaro, corações de ouro e corações de chumbo. Há mesmo bons e maus corações.
Por vezes ouvimos dizer de alguém que «não tem coração». É preciso nunca acreditar. Pode estar tão apertado como um buraco negro, mas está lá. Talvez precise apenas de ser alimentado.
Há corações que transportam privações de séculos e parecem nunca atingir a saciedade e há os que transbordam como fontes inesgotáveis.
Que coração trazemos em nós? Que coração palpita dentro de quem cruza o nosso caminho em cada dia? Como atingirei o coração do meu irmão? E se numa qualquer guerra da vida alguém tiver perdido o seu, poderemos ajudar a procurar, a tentar encontrá-lo? E se o encontrarmos, saberemos transportá-lo nas mãos, sem o ferir, e pousá-lo no peito a que pertence?
Que faremos com o nosso coração?»
Henrique Manuel, em "Mas há Sinais"
1 comentário:
Nossa que mensagem linda e profunda! Me fez refletir bastante. Vou ter que compartilhar. Boa Semana! A Paz do Senhor!
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